
As primeiras cargas de milho argentino importado por empresas brasileiras, como BRF e JBS, começaram a desembarcar no Brasil.
Um carregamento de cerca de 35 mil toneladas foi desembarcado ao final de maio, no porto de Paranaguá, no Paraná e um segundo de aproximadamente 30 mil toneladas chegou a Rio Grande , no Rio Grande do Sul e outros quatro navios com o cereal da Argentina devem aportar ainda em junho, conforme dados da agência marítima Cargonave, que incluem também o terminal catarinense de Imbituba como destino.
"Já chegaram navios, foram descarregados. Tem importação de trigo, não só de milho, para ração", disse à Reuters Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), comentando sobre as alternativas das companhias produtoras de carnes suína e de frango, cujos custos estão crescentes devido ao preço das matérias-primas para alimentação.
A JBS comprou 30 mil toneladas de milho argentino, no porto de Imbituba, conforme nota à Reuters, após ser questionada.
Já a BRF, maior exportadora global de carne de frango, confirmou à Reuters a importação de milho argentino, mas preferiu não dar detalhes.
A Aurora afirmou, também por meio da assessoria de imprensa, que está avaliando compras na Argentina, mas que não está fazendo a operação "ainda".
Ao todo, entre volumes desembarcados e previstos para junho, o Brasil deve internalizar 191 mil toneladas de milho argentino via navios.
O volume previsto de milho argentino na programação de navios representa quase o dobro das 103 mil toneladas compradas no parceiro do Mercosul em todo o ano passado, segundo dados do Ministério da Agricultura.
No primeiro quadrimestre, o Brasil já importou 758 mil toneladas de milho, aumento de quase 70% do mesmo período do ano passado, com o produto do Paraguai, que chega em geral de caminhão, dominando quase que 100% das importações.
Em 2020/21, na direção contrária, as importações do cereal pelo Brasil devem somar 2,5 milhões de toneladas, cerca de 1 milhão acima da temporada passada, segundo estimativas recente da StoneX, que também vê uma forte queda nas exportações brasileiras devido à menor oferta.
"Se vai entrar mais ou menos (importado da Argentina) vai depender do impacto da safrinha e do dólar, do prêmio da paridade, que agora tem se mostrado uma alternativa atrativa. A diferença de preços mesmo, entre o importado e o nacional, aí cada empresa tem seus cálculos", comentou Santin.
Ele ressaltou ainda que os preços internos do milho começam a ter um pouco mais de estabilidade, ainda que em patamares elevados.
O milho está em 96,57 reais à saca, já inferior ao patamar histórico de 103 reais visto em meados de maio, mas mais que o dobro do valor nominal registrado no mesmo período do ano passado.
Além de os valores terem subido na esteira das cotações internacionais, também influenciou a quebra da segunda safra pela seca, que deverá ser reduzida em mais de 15 milhões de toneladas em relação ao potencial, segundo algumas consultorias.