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Domingo, 22 de dezembro de 2024

Cacique usa as redes sociais para falar da preocupação com a pandemia e o fato dos moradores não estarem respeitando, 'fazendo festas e aglomerando'

Ele disse que estão fazendo festas na aldeia

15 de jun 2021 - 14h:57 Créditos: Roberta Ferreira
Crédito: Divulgação

O cacique Antônio dos Santos Silva, de 55 anos, da Aldeia Limão Verde, que fica em Aquidauana - MS, usou as redes sociais para falar da preocupação com a pandemia da covid-19 e o fato dos moradores não estarem respeitando, "fazendo festas e aglomerando".  

Há dois dias, ele disse que perdeu um grande amigo, o indígena Nivaldo Gabriel, além de tantos outros, quando decidiu fazer o vídeo para toda a comunidade.

"É uma grande preocupação que eu tenho, porque se os moradores da aldeia não seguirem as orientações da saúde, vamos perder ainda mais gente. Tem gente que parece estar duvidando, brincando com o vírus. Muitos que estão fazendo isso estão confrontar a nossa autoridade, só que, infelizmente, não serei eu que vou atacar e sim a doença", afirmou o cacique.  

O cacique fala que já foi feita a recomendação na aldeia, que possui cerca de 1,5 mil pessoas, sendo aproximadamente 600 famílias.  

"Nós fizemos reuniões e a gente recomendou qual seria o nosso procedimento...está proibida a entrada de pessoa que não mora na aldeia, vendedor ambulante está proibido e também a entrada de pessoa de outros municípios, mas, infelizmente não é o que temos visto", lamentou o indígena.

Conforme o cacique, não há colaboração dos moradores, já que não respeitam as "orientações científicas e da saúde". "...Infelizmente, enquanto nossos irmãos patrícios estão sofrendo, alguém aqui está fazendo festa. Parece que não estamos mais preocupados com o nosso próximo. Todos são adultos, responsáveis, assistem televisão, tem internet na casa e toda hora lá está falando dessa Covid, que não tem vaga no hospital, não tem leito de UTI [Unidade de Terapia Intensiva] e parece que estão duvidando dessa doença", comentou.

O cacique também fala que é uma vergonha ele ter de chamar a polícia para encerrar uma festa na aldeia.  

"...Acredito que não precisa disso, precisa sim ter pessoas responsáveis com a sua família, seus filhos, com os amigos, com o próximo. Não é responsabilidade do cacique ficar cuidando casa de ninguém. Quem tem que cuidar é o morador e só vai cair a ficha quando acontecer com alguém da família".  

Desde que passou a fazer alertas, o cacique fala que já ouviu de moradores que estava "exagerando e que estava traumatizando a comunidade".  

"No início, falava que só podia entrar aqui passando pela quarentena ou então fazendo exames. Daí, achavam que isso não era real e quando aconteceu a Covid pegou e levou a morte. Se nós avaliarmos tudo o que tem acontecido, foi por conta das pessoas não respeitarem. Por isso eu peço: se cuida, ouve a orientação científica, use máscara, não ande em aglomeração, não faça aglomeração", argumentou.

"Ajude, colabore, faça a sua parte porque eu estou fazendo a minha. Se você não quiser fazer tudo bem, quer continuar no movimento, tudo bem. Estou muito triste e muito chocado pela perda de um companheiro, um guerreiro, que perdeu para a Covid. Não são todos, me desculpem aqueles que estão fazendo o seu papel de cuidar da sua família, porque é muito absurdo, ignorante, sabendo que o vírus está matando e estão fechando os olhos e os ouvidos para o que está acontecendo", finalizou.    


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