
O cultivo de coca, planta de origem andina que também serve como base para a cocaína, aumentou 35% entre 2020 e 2021, atingindo um recorde histórico, de acordo com relatório divulgado pela ONU nesta 5ª feira (16.mar).
Segundo o relatório, em 2021 surgiram mais de 300 mil hectares de plantações na Colômbia, Peru e Bolívia, países que mais concentram campos de coca, é o que aponta o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
A produção de cocaína em 2020 já havia estabelecimento um recorde até então: 2 mil toneladas. Ainda segundo o relatório, em 2021 novos centros de drogas surgiram no sudeste da Europa e na África.
Aumento de consumo
A ONU tem observado um aumento contínuo da procura de cocaína ao longo da última década. A procura se concentra entre as populações mais ricas do continente americano e de regiões da Europa.
A África Central e Ocidental também desempenham um papel cada vez mais importante enquanto zonas de trânsito, enquanto a Turquia e a Grécia registam cada vez mais cocaína de passagem pelos seus territórios.
O diretor do UNODC, Ghada Waly, se preocupa com o aumento da oferta. "Esta explosão tem de nos colocar em alerta", diz na nota divulgada.
Além disso, o uso do crack -- um derivado de baixo custo da cocaína -- passou a ser muito usado no Reino Unido, e as estatísticas mostram "aumentos acentuados" nas admissões para tratamento de abstinência na Bélgica, França e na Espanha.
Pandemia e guerra
Apesar do freio no consumo causado pela pandemia de covid-19, a oferta global continuou a se expandir com "muita força", no período após a pandemia, disse a ONU.
O relatório observa ainda o impacto da guerra na Ucrânia nas rotas do tráfico. Para a ONU, é provável que grupos criminosos estrangeiros, que anteriormente utilizavam portos ucranianos para fugir do controle da Europa Ocidental, estejam deslocando as atividades para outros portos do Mar Negro, como a Romênia ou a Bulgária.