
O produtor rural e empresário André Luiz dos Santos, conhecido como André Patrola, é um dos principais alvos do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na Operação Cascalhos de Areia, deflagrada nesta quinta-feira (15) em Campo Grande. O suspeito é investigado por fraude em licitações e já foi multado em R$ 1,3 milhão por desmatamento ilegal no Pantanal.
A investigação aponta possível fraude à licitação, corrupção passiva e ativa, peculato, lavagem de capitais e organização criminosa, responsável por movimentar mais de R$ 300 milhões, em licitações, na Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep). O valor supostamente desviado, de acordo com a ação, seria usado emPatrola é dono das empreiteiras ALS dos Santos e ALS Transportes e tem vários contratos milionários com a prefeitura de Campo Grande e prefeituras do interior de Mato Grosso do Sul para locação de máquinas e equipamentos.
A reportagem apurou que o empreiteiro mantém pelo menos cinco contratos de obras com o governo do estado. Com R$ 130 milhões em certames com o governo, a empresa de André Patrola foi acusada de realizar obra em uma rodovia no Pantanal sem autorização ambiental.
Em nota, o governo de Mato Grosso do Sul informou que nenhum de seus contratos é alvo de operação do Ministério Público. "O Governo de Mato Grosso do Sul reforça que mantém alto nível de transparência e compliance, bem como criterioso controle e fiscalização de todos os contratos em execução".
O g1 entrou em contato com a defesa de André Patrola, que informou que irá se pronunciar sobre o caso, mas até a publicação desta reportagem não houve retorno.
Crimes ambientais
Em 2022, o empresário André Patrola foi condenado pela Justiça de Mato Grosso do Sul por poluir com agrotóxico a Área de Proteção Ambiental do Guariroba, que fica em Campo Grande.
De acordo com a investigação, Patrola teria usado agrotóxico proibido e destruído uma parte de uma área de preservação na propriedade rural. O empreiteiro tentou suspender a execução da sentença, mas o pedido foi negado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
Neste ano, André foi multado em R$ 1,3 milhão pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), por desmatamento ilegal no Pantanal. O Globo Rural, da TV Globo, apurou que o empreiteiro teve autorização para desmatar 998 hectares da Fazenda Alegria, no Pantanal da Nhecolândia, mas acabou derrubando 1.372 hectares, sendo que a área desmatada era protegida por lei.
Com isso, Patrola é acusado de ter destruído parte de uma área de preservação ambiental em uma fazenda experimental da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Entre os outros citados na investigação do MP-MS estão os empresários Mamed Dib Rahim e Ariel Dittmar Raghiant.