Em Grande Assembleia Aty Guasu, na manhã desta sexta-feira (15.jul.22), lideranças Guarani Kaiowá Terena decidiram autorizar a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), por acionar o Supremo Tribunal Federal (STF), por Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), intervindo para que a segurança dos povos indígenas Guarani Kaiowá sejam preservado em Mato Grosso do Sul.
Em nota a Aty Gusu destacou o genocídio que o povo Kaiowá e Guarani está vivendo em MS. "Especificamente nos territórios indígenas de: Gwapo'y Miri Tujury (Amambai), Tekoha Kurupi (Naviraí), Tekoha Jopara (Coronel Sapucaí), Tekoha Nhanderu Marangatu (Antônio João), Tekoha Puelito kwe (Tacuru), Tekoha (Dourados), Tekoha Pirajui (Paranhos), Tekoha Taquara (Juti), Tekoha Gwyraroka (Caarapó), Tekoha Passo Piraju (Dourados) e Tekoha Laranjeira (Rio Brilhante)", enumeram.
Eles debateram debateram o massacre o Massacre de Guapoy, no território de Tekoha Gwapo'y Mi Tujury, em Amambaí, onde o indígena Vitor Fernandes, de 42 anos foi assasinado em ação ilegal do batalhão de choque da Polícia Militar na fazenda 'Borda da Mata'.
Também denunciaram a coação no Tekoha Kurupi e o emboscada, no Tekoha Gwapo'y Mi Tujury que levou a morte de Márcio Moreira.
"As coações são constantes nas aldeias do sul do Estado, que acontecem diariamente. Terrorismo exacerbado executado por uma milícia rural cruel, desumana e nojenta. Mesmo com decisão judicial proferida no dia 04 de julho, no processo nº 5001262-33.2022.4.03.6005, as ações descabidas e abusivas da Polícia Militar continuam, o que deixa claro que, "servir e proteger", lema da Polícia Militar, é somente para os que obtêm poder, dinheiro e fama. A Grande Assembleia Aty Guasu cobra das autoridades mais empenho na conservação de seus direitos", apontam em documento oficial.
"A Nação Guarani Kaiowá está cansada de ser aterrorizada. Tal descaso cabe tribunais internacionais, qual deva ser responsabilizado quem está emitindo os comandos da Polícia Militar, assim como deva ser responsabilizado o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública - Antônio Carlos Videira, e acima de tudo, responsabilizar o Governador Reinaldo Azambuja, responsável pela gestão do Estado de Mato Grosso do Sul", continuam.
"A Grande Assembleia Aty Guasu exige providências imediatas do MPE - Ministério Público Estadual e que se faça cumprir as leis e fazer o papel falar. Repudiamos vilmente toda a bancada ruralista que tem atuado na região onde se localiza a Nação Guarani Kaiowá. Não compactuamos com o modus operantis e seguiremos lutando para que nossos direitos sejam preservados. Não somos propriedade descartável, somos humanos em sua forma mais pura, nossa pureza consegue ver com clareza a maldade que homem branco tem tratado a Nação Indígena desde o domínio colonial dos portugueses. Basta!", finalizam.
DELIBERAÇÃO ELEITORAL
Na mesma assembleia Aty Guasu, lideranças indígenas Guarani Kaiowá Terena contemplaram o lançamento das candidaturas das representações indígenas na campanha eleitoral, e os nomes que irão disputar as eleições para defender os direitos indígenas são: Val Eloy Terena, pré-candidata a Deputada Estadual e Otoniel Ricardo Guarani Kaiowá, pré-candidato a Deputado Federal.
"A Grande Assembleia Aty Guasu Guarani Kaiowá convoca a toda Nação Indígena do Estado de Mato Grosso do Sul, todos (as) apoiadores da causa indígena, amigos (as) karaís e todos (as) que queiram apoiar nossos representantes indígenas nesta corrida eleitoral, para que possamos eleger nossos candidatos (as) e termos uma representação política dentro da Assembleia Legislativa e Câmara de Deputados Federais no Congresso Nacional, e assim, preservar nossos poucos direitos, termos apoio político dentro dos órgãos públicos e quizás, fazermos justiça a todos os Povos Originários do Brasil. Contamos com o apoio de todos(as)", anunciaram.