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Sábado, 21 de setembro de 2024

Com embargo chinês, EUA dobram a compra de carne bovina brasileira

Arroba do boi apresenta leve reação no mercado físico de MS; no começo da semana passada, era negociada a R$ 255, já nesta sexta-feira o preço foi a R$ 274

16 de nov 2021 - 06h:58 Créditos: Correio do Estado
Crédito: Álvaro Rezende

A China suspendeu a compra de carne bovina brasileira há mais de dois meses. Com isso, o preço da arroba do gado chegou a operar em queda de mais de 13%. 

Na semana passada, no entanto, tanto o mercado físico quanto o futuro apontam para um início de recuperação. Um dos motivos citados pelos especialistas é o aumento das exportações do produto brasileiro para os Estados Unidos.

Conforme dados do Ministério da Economia, em termos de valores, o país norte-americano ampliou em 113% o envio de todos os tipos de carne bovina. 

De janeiro a outubro de 2020, foram negociados R$ 1,70 bilhão (US$ 333 milhões), já no mesmo período deste ano foram R$ 3,62 bilhões (US$ 677 milhões). 

Em termos de volume, a negociação cresceu 86%, passando de 48,77 mil toneladas para 90,75 mil toneladas.

De acordo com a economista Daniela Dias, o mercado internacional está de olho nos produtos brasileiros. 

“As exportações ficaram mais interessantes porque nós temos a desvalorização do real ante o dólar, o que quer dizer que a nossa carne está com o preço muito mais atrativo para o mercado internacional'.

Ainda conforme os relatórios do Ministério da Economia, a carne bovina é o terceiro produto da pauta de exportações de Mato Grosso do Sul, responsável por 13,57% (R$ 4,3 bilhões) do total exportado pelo Estado. 

Os Estados Unidos aparecem como o segundo maior comprador de MS, com participação de 5,71% (ou R$ 1,8 bilhão).

ARROBA

No mercado físico, conforme os dados da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Sistema Famasul), a arroba do boi apresentou uma leve recuperação. 

No dia 8 de novembro chegou a R$ 263,49, enquanto nesta sexta-feira (12) foi cotada a R$ 273,34, alta de 3,73%.  

Ainda conforme a Famasul, na Região Sul a arroba foi cotada a R$ 258,57 e na Região Norte o boi foi a R$ 285,65 no dia 12 de novembro.  

Já de acordo com a Scot Consultoria, no início da semana passada a arroba do boi era cotada a R$ 255 e no encerramento do período a arroba foi a R$ 274, todos os valores citados são livres de Funrural.  

Antes do embargo chinês à carne brasileira, os preços em Mato Grosso do Sul eram bem superiores aos praticados agora. 

Na região central do Estado, segundo a Scot Consultoria, a cotação do boi era de R$ 310,50 no dia 31 de agosto.  

Na comparação com o mesmo período do ano passado, a arroba do boi sofre retração. Os preços praticados são próximos. Em 12 de novembro de 2020, o mercado físico de MS negociava o gado a R$ 278,27, alta de 1,7% ante o fechamento de sexta-feira.  

As cotações do mercado futuro do boi gordo também começaram a se recuperar. Na bolsa de valores, a B3, os contratos futuros do boi gordo tiveram queda a partir do anúncio da suspeita da doença (no dia 1º de setembro). 

O vencimento para novembro fechou a sexta-feira em R$ 306,50; o de dezembro a R$ 316,50; para janeiro de 2022, a cotação é de R$ 323,00 por arroba.  

PREÇOS

Apesar de o preço atual se manter próximo ao praticado no ano passado, a carne bovina nos açougues de Campo Grande se mantém em elevação. 

Conforme dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o preço da carne bovina subiu 29,94% em um ano em Mato Grosso do Sul.  

Em outubro de 2020, a média de preços de cortes bovinos como patinho, coxão duro e coxão mole era de R$ 30,99. No mês passado, os mesmos cortes custavam R$ 40,27, em média.

Segundo a economista, com um maior envio de alimentos ao exterior, a oferta dentro do Estado fica mais restrita e, por isso, os preços nos açougues acabam se elevando.

“É um cenário bastante complicado, e temos diversas inflações que acabam impactando no preço final, uma delas é a do combustível, o aumento no preço dos combustíveis vai deixar mais cara essa carne, além da demanda mundial por alimentos e os próprios custos de produção e abate', finaliza Daniela.  

EMBARGO

Principal parceiro comercial internacional de Mato Grosso do Sul, a China segue com o embargo à carne brasileira. 

A paralisação foi anunciada após dois casos de vaca louca serem identificados no País. A suspensão foi anunciada no dia 4 de setembro e completa 2 meses e 10 dias neste sábado (13).

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou em nota ao Correio do Estado que tem mantido negociações com as autoridades chinesas, com realização de reuniões virtuais. 

“O lado brasileiro tem fornecido, com celeridade, informações complementares atendendo às solicitadas das autoridades chinesas. As discussões têm sido produtivas, mas não há ainda data de retorno das exportações de carne bovina brasileiras para aquele país. Não há previsão de viagem para esse país'.

No mês passado, a titular do Mapa, Tereza Cristina Dias, havia informado que se ofereceu para ir presencialmente ao país asiático.  

É o maior período de embargo à carne bovina brasileira pelo país asiático. Em 2019, também por um caso de encefalopatia espongiforme bovina (EEB ou vaca louca), as exportações ficaram suspensas por 13 dias.

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