A última semana foi de chuva muito intensa no nordeste de Minas Gerais, norte do Espírito Santo e extremo sul da Bahia. Dos municípios com pluviômetros, Itamaraju-BA, área produtora de café, foi a mais afetada, com acumulado de 494 milímetros, sendo 326 em apenas 24 horas. Diante disso é possível imaginar o tamanho dos estragos.
Mais de 30 municípios estavam em situação de emergência e foram registrados óbitos na Bahia. Além de café, o extremo sul da Bahia é conhecido pela pecuária. Ainda há relatos de que cabeças de gado perdidas pela enxurrada registrada em várias fazendas do entorno de Teixeira de Freitas. Além da tragédia que acometeu o sul da Bahia, a chuva constante mantém elevada a umidade do solo e impede as atividades de campo no oeste da Bahia, sudeste de Tocantins e nordeste de Goiás.
Por outro lado, os últimos sete dias foram bem mais secos e quentes que o normal desde o noroeste do Rio Grande do Sul até o Cerrado de Minas Gerais, sudoeste de Goiás e sul de Mato Grosso. A umidade do solo está bem abaixo do ideal para o desenvolvimento agrícola em boa parte do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, oeste de Santa Catarina e sudoeste de Mato Grosso. No Rio Grande do Sul, o plantio de soja avança mais lentamente pela baixa umidade do solo.
No milho, há perdas irreversíveis pela estiagem nas regiões de Ijuí, Santa Rosa, Erechim, Passo Fundo, Frederico Westphalen, Porto Alegre, Santa Maria e Lajeado. No Paraná, o milho também sente a estiagem. A situação é mais crítica no oeste e noroeste do estado.
Além de milho e soja, áreas da primeira safra de feijão da região Sul sentem a diminuição da chuva. Para finalizar a parte de perdas, a Conab também indica perdas na soja e milho do oeste de São Paulo pela falta de chuva e pelo calor intenso. Mais alguns números: 95% da soja no Brasil já foi semeada. Em Mato Grosso, mais de 40% das áreas estão em fase reprodutiva. Pouco mais de 80% do arroz foi semeado no Brasil. Se milho e soja vão mal, o arroz se desenvolve muito bem no Rio Grande do Sul.
Voltou a chover em algumas áreas do Sul nas últimas 24 horas, mas o volume ficou no máximo em torno dos 35 milímetros nas áreas produtoras. Para que as lavouras tenham bom desempenho, seria necessário que chovesse, no mínimo, 160 milímetros, algo que os prognósticos climáticos não indicam para os próximos dias. A cidade de Tupanciretã, no meio oeste do Rio Grande do Sul, maior produtora de soja do estado, registrou apenas 10 milímetros de chuva em dezembro e nos próximos 15 dias não terá nem 10 milímetros previstos. Na Bahia, a chuva deu uma trégua nesta semana, mas retorna com volumes elevados a partir do próximo domingo, 19.