A JBS e a Minerva Foods avaliam suspender operações de abates em algumas unidades de bovinos no Brasil em meio a problemas logísticos na China decorrentes de ações para conter o coronavírus, disseram nesta segunda-feira a JBS e fontes próximas à Minerva.
Em nota, a JBS afirmou que vem monitorando os reflexos do coronavírus no mercado e admitiu que "avalia a implantação de férias coletivas exclusivamente em algumas das suas unidades de processamento de bovinos no Brasil".
A companhia, que também atua em carnes de frango, suínos e alimentos processados, não detalhou quais serão as plantas que poderão ter as operações suspensas.
Fontes do mercado consultadas pela Reuters disseram que a expectativa é de que o movimento atinja outras empresas do setor.
No caso da JBS, as paralisações podem ocorrer em unidades dos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, onde estão algumas das maiores operações.
De acordo com as fontes, que pediram para ficar no anonimato, a avaliação de paralisar as unidades ocorreu devido à dificuldade de exportação por falta de contêineres, que foram enviados para a China e ainda não retornaram.
As conversas para definir em quais plantas da JBS a medida seria adotada começaram na última sexta-feira e, por se tratar de um problema que afeta o mercado de bovinos em geral, paralisações também devem ocorrer na concorrente Minerva, segundo uma das fontes.
"Estamos discutindo várias coisas, mas provavelmente a definição sairá amanhã (terça-feira)", afirmou uma fonte próxima à Minerva. Procurada, a companhia não se manifestou.
De acordo com reportagem da Reuters publicada na semana passada, o congestionamento nos portos chineses está diminuindo, mas ainda há reflexos para o setor de contêineres.
A amplo fluxo de embarques de carnes durante o fim de 2019 fez com que muitos contêineres fossem enviados à China, com o objetivo de abastecer a demanda local para o Ano Novo Lunar, ocorrido no fim de janeiro.
O surto do Covid-19 no país asiático, também em janeiro, suspendeu a distribuição de cargas que estavam nos portos e impediu que os contêineres retornassem.
"Agora que a logística começou a ser liberada na China, os contêineres, que demoram quase 40 dias para se deslocar até o Brasil, ainda não estão disponíveis aqui", acrescentou uma fonte.
Na Marfrig Global Foods, ainda não há previsão de suspensões de abates, porém, uma fonte próxima à companhia afirmou que a empresa também está acompanhando o cenário.
Procurada, a Marfrig preferiu não comentar o assunto e informou que as operações seguem normalmente. (Reuters)
Exportação de soja perde ritmo devido às chuvas, diz Secex
As exportações brasileiras de soja atingiram média de 429,3 mil toneladas por dia nas duas primeiras semanas de março, abaixo do ritmo da primeira semana do mês, de 489,1 mil toneladas/dia, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgados nesta segunda-feira.
Até a primeira semana, a média diária indicava um aumento na exportação mensal em março, uma vez que no mês completo do ano passado o país exportou 445,2 mil toneladas de soja ao dia.
Apesar da queda, com a colheita de soja no Brasil tendo sido finalizada em cerca de 60% da área até a última semana, há indicações de que os embarques saltem na comparação com fevereiro, quando as exportações foram prejudicadas por chuvas.
Há expectativas de que as exportações se acelerem fortemente em março também em função do tempo menos chuvoso nos portos.
CARNES
Segundo a Secex, a média diária de embarques de carne bovina in natura do Brasil atingiu 6 mil toneladas nas duas primeiras semanas de março, ante 5,7 mil toneladas na primeira semana do mês, volume inferior à média de 6,1 mil toneladas apurada em fevereiro e à de 6,2 mil toneladas obtida em março de 2019.
No segmento de carne suína in natura, os embarques brasileiros nas duas primeiras semanas de março atingiram 3 mil toneladas, abaixo da média registrada na primeira semana do mês (3,5 mil toneladas) e aquém de fevereiro (3,2 mil toneladas). Em relação ao mesmo período do ano passado, a média diária está cerca de 20% mais alta.
Já em carne de frango in natura, a média diária de vendas alcançou 15 mil toneladas, abaixo da média de 17,5 mil toneladas da primeira semana e das 18 mil toneladas de fevereiro. O volume também ficou abaixo das 16,7 mil toneladas registradas em março de 2019. (Reuters)