Crédito: Reprodução/Cimi A Justiça Federal determinou que a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul e demais forças estaduais estão proibidas de realizar qualquer ação de retirada ou desocupação na área retomada pela comunidade indígena Pyelito Kue, em Iguatemi, após o assassinato do indígena Vicente Fernandes, morto com um tiro na nuca na madrugada de domingo (16).
A decisão, assinada pelo juiz federal Lucas Miyazaki dos Santos, da 1ª Vara de Naviraí, estabelece que o Estado — por meio da Sejusp — deve se abster de promover remoções forçadas, despejos, destruição de barracos ou retirada de pertences dos indígenas. As forças estaduais estão autorizadas apenas a manter patrulhamento preventivo, sem qualquer ação de coerção na área.
A ordem judicial foi emitida após relatos de que a comunidade sofreu três madrugadas consecutivas de ataques, envolvendo disparos de armas de fogo, balas de borracha e incêndios, deixando ao menos quatro feridos. Vicente Fernandes é considerado a primeira vítima fatal deste novo ciclo de violência. O território retomado fica sobreposto à Fazenda Cachoeira, arrendada recentemente por empresas do setor de carne.
Cerca de 120 famílias Guarani Kaiowá vivem na área de 97 hectares, delimitada por acordo judicial em 2014. Em caso de descumprimento, o juiz fixou multa de R$ 1 milhão, a ser revertida diretamente à comunidade.
A região é palco de conflito histórico: a Fazenda Cachoeira é uma das 44 propriedades sobrepostas à Terra Indígena Iguatemipeguá I, identificada e demarcada pela Funai há mais de uma década. A comunidade entregou à Polícia Federal cápsulas recolhidas após os ataques e exige celeridade na demarcação do território.



