Uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI) identificou indícios de superfaturamento, direcionamento de licitação e risco de prejuízo ao erário em contrato da Secretaria de Educação com a TRON Robótica Educacional, que tem o humorista Whindersson Nunes como um dos principais divulgadores.
O contrato, firmado em agosto de 2023 por dispensa de licitação, previa o fornecimento de kits de robótica, materiais pedagógicos e formação de professores para escolas da rede estadual. Inicialmente orçado em R$ 4,9 milhões, o valor subiu para R$ 11 milhões, com vigência até agosto de 2026.
Problemas identificados pela auditoria
O TCE destacou que R$ 2,915 milhões foram pagos por 15 mil kits pedagógicos que não foram entregues, nem em versão física, nem digital. Além disso, R$ 949,9 mil foram repassados antecipadamente por serviços de consultoria ainda não prestados, prática que pode configurar dano ao erário.
Outro ponto crítico apontado pelo tribunal foi que a dispensa de licitação foi baseada em documentos fornecidos pela própria empresa, sugerindo possível direcionamento para beneficiar a TRON.
Posição de Whindersson Nunes e da Secretaria
Embora Whindersson não seja sócio registrado da TRON no contrato do Piauí, ele já se apresentou publicamente como parceiro ou embaixador da marca. A defesa do influenciador afirma que ele atua apenas como embaixador da empresa em acordo de mídia (“media for equity”), sem participação na gestão ou execução do contrato.
A Secretaria de Educação do Piauí afirmou que ainda não foi notificada oficialmente, mas que prestará todos os esclarecimentos necessários. A pasta ressaltou que o estado é referência nacional em escolas de tempo integral e ensino de robótica e inteligência artificial, e que o programa segue em execução com projetos premiados por alunos.
Próximos passos
O TCE-PI recomendou a responsabilização do secretário de Educação, superintendente da pasta, dois fiscais do contrato e da própria TRON, representada por Duana Souza Cunha. O processo está sob relatoria da conselheira Flora Izabel Rodrigues, e ainda aguarda julgamento de mérito e eventuais penalidades.



