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Quinta, 21 de novembro de 2024

Mulheres ainda são minoria no mercado de Tecnologia da Informação

Apesar de ter crescido, presença feminina ainda é modesta em TI; especialistas dizem que diversidade contribui para inovação

18 de mar 2023 - 10h:08 Créditos: SBT Jornalismo
Crédito: Freepik

Apenas 20% dos cargos no mercado de Tecnologia da Informação (TI) no Brasil são ocupados por mulheres, segundo pesquisa da Softex em parceria com a Brasscom, realizada em 2020. 

O estudo aponta que as áreas mais ocupadas pelo sexo feminino são as de qualidade, testes e suporte ao usuário, enquanto a minoria das mulheres estão em áreas como infraestrutura, segurança da informação e desenvolvimento.

O relatório "Women in Tech 2021", realizado pelo site TrustRadius, revela que os cargos de TI, principalmente os de liderança, são ocupados majoritariamente por homens. O estudo aponta que nos Estados Unidos as mulheres representam apenas 25% dos profissionais desse mercado e que ocupam cargos de nível intermediário. 

Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em 2021, 51,1% da população brasileira é do sexo feminino, ou seja, são cerca de 4,8 milhões a mais de mulheres que homens no país.

Menos mulheres 

A analista de DevOps Senior, Jaqueline Sá, de 34 anos, diz que a discrepância entre homens e mulheres no mercado de TI fica evidente ainda no ensino superior. 

"No início da faculdade, numa turma com mais de trinta alunos, somente cinco eram mulheres. No final restaram somente três. No corpo docente, lembro que somente uma era mulher e ainda numa matéria que não era de grande importância no currículo escolar", diz.

A profissional também conta que a falta de referências femininas pode desestimular o ingresso de mulheres no mercado de tecnologia, intensificando a desigualdade.

"Acho que o exemplo ajuda muito quando queremos fazer ou continuar algo. Então, não tive muitos exemplos de mulheres em que eu pudesse me espelhar. Percebi que precisaria de muita resiliência para seguir com a minha decisão profissional", completa.

Diversidade e inovação

De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Serviços de Informática do Distrito Federal (Sindesei DF), Marco Tulio, a falta de mulheres em cargos de desenvolvimento de TI pode desencadear problemas, como a escassez de talentos, ambiente hostil e produtos e serviços inadequados. Para ele, a diversidade em um ambiente de trabalho contribui para a inovação.

"A principal consequência da falta de diversidade de gênero é o que entendemos como inovação. Toda diversidade é essencial para a inovação. Ela carece da contribuição de todos os gêneros para que tenhamos perspectivas e experiências únicas, que contribuirão para a criação de soluções disruptivas e realmente necessárias a toda a sociedade", afirma.

Mudanças no mercado 

Apesar da presença feminina ocupar espaços de forma lenta na área de tecnologia, essa parcela tem crescido nos últimos anos. Dados levantados pelo Instituto Semesp mostram que o número de mulheres matriculadas em cursos de graduação em áreas de TI cresceu 59%, entre 2015 e 2019.

"A qualificação na mão de obra, a normatização do teletrabalho e o grande número de vagas, entre outros fatores contribuíram para este aumento. Outro ponto importante é o potencial de compras no mercado brasileiro de TI estimado em 2023, superior a 400 bilhões de reais", diz Marco Tulio. "Muitos destes investimentos serão feitos pelo governo federal e por conta desta demanda novos postos de trabalho estão sendo oferecidos todos os dias".


Voltando à analista Jaquelina Sá, o incentivo na primeira infância às meninas por tecnologia é uma das iniciativas que podem ser tomadas para solucionar o problema da desigualdade de gênero. Além disso, ações como criação de redes de apoio para mulheres na TI, a promoção da diversidade nas empresas, a oferta de treinamentos e cursos e o combate ao assédio moral e sexual são medidas que contribuem para sanar a disparidade de gênero no mercado de TI. 

"No mercado de trabalho, é preciso alguns incentivos desde a etapa de seleção. Na organização que trabalho, o processo seletivo só continua se houver ao menos uma mulher cadastrada na etapa inicial. Além disso, é necessário que as empresas e o governo façam programas que promovam a inclusão de mulheres no mercado por meio de capacitação", pontua Jaqueline Sá.

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