
Uma delegação liderada por Anas Haqqani, figura proeminente dentro do Talibã e parte da equipe de negociação do grupo militante, se reuniu com figuras importantes de fora do grupo em Cabul nesta quarta-feira, 18, incluindo o ex-presidente afegão Hamid Karzai. O encontro se dá em meio às tentativas do grupo de montar um governo no Afeganistão e junto às acusações de agressões contra mulheres, crianças e manifestantes.
Karzai, presidente do país de dezembro de 2001 a setembro de 2014, vem liderando esforços para garantir uma transferência pacífica de poder após o Talibã tomar Cabul no último domingo, se declarando sobre todo o Afeganistão.
Fotografias divulgadas pelo Talibã também mostram que dentro da delegação não pertencente ao grupo também estavam Abdullah Abdullah, chefe do Conselho Superior para Reconciliação Nacional no antigo governo, e o parlamentar Fazal Hadi Muslimyar.
Até o momento não houve nenhuma declaração de nenhuma das partes sobre resultados da reunião. À rede americana CNN, o porta-voz do escritório político do Talibã no Catar, Suhail Shaheen, afirmou que o grupo militante está comprometido com um "governo islâmico inclusivo", mas não afirmou se Abdullah ou Karzai fariam parte dele.
O encontro acontece um dia depois da primeira entrevista coletiva do Talibã desde que tomou o poder. Na terça-feira, o grupo transmitiu uma mensagem de reconciliação e unidade em um país no qual declarou uma "anistia geral", o fim das drogas e a permissão para que as mulheres trabalhem.
"Não queremos que ninguém saia do país, este é o seu país, esta é a nossa pátria comum, temos valores em comum, uma religião em comum, uma nação. Há uma anistia geral, então não haverá hostilidades", afirmou o principal porta-voz talibã, Zabihulla Mujahid, que pela primeira vez em décadas apareceu publicamente.
Depois das cenas de caos no aeroporto de Cabul desde a entrada dos talibãs na capital no domingo, Mujahid, em tom de reconciliação, disse que ninguém deveria ter medo de ficar no Afeganistão, mesmo que tivessem lutado contra eles ou trabalhado com o inimigo durante os 20 anos de guerra.