Foram cerca de sete dias com sessões de tortura até a adolescente de 17 anos ser resgatada de uma quitinete, na tarde desta terça-feira (17), no Bairro Moreninhas, em Campo Grande. As agressões praticadas pelo companheiro incluíam queimaduras com ferro de passar, paneladas na cabeça e a menina também foi obrigada a tomar açaí com urina. O suspeito foi identificado como Samuel Góes, que fugiu do local.
O suspeito estava morando na quitinete há pouco mais de um mês. "Foi ele que alugou a quitinete, inicialmente para morar sozinho, mas a menina foi morar com ele depois de uns dias", conta uma testemunha, que terá o nome preservado. "A gente nunca desconfiou, ninguém viu e nem ouviu nada", diz.
Na manhã desta terça, Samuel saiu da casa e deixou a chave para o proprietário em um estabelecimento próximo. "Quando cheguei, ela estava bastante machucada e abalada. Já estava no portão", conta o dono do imóvel, que também terá a identidade preservada. "Acredito que ninguém ouviu nada pelo fato de ela estar sob ameaça ou sedada, porque foram encontrados medicamentos na casa".
O proprietário, então, acionou a Polícia Militar e a vítima foi levada para atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Um casal de tios do suspeito também esteve no imóvel e acompanhou a menina.
Tortura - Segundo apurado, o rapaz agiu após uma crise de ciúme. Entre as agressões, ele cortou o cabelo da vítima com uma faca, que foi apreendida na casa pela polícia. Outra faca foi encontrada com a ponta queimada.
Além disso, a menina foi queimada com ferro e água quente. O rapaz ainda tentou eletrocutá-la debaixo do chuveiro, dando choques na vítima, e obrigou que ela tomasse açaí com urina. As partes íntimas da adolescente também tinham ferimentos. "A polícia encontrou na casa comprimido de clonazepan e rivotril - medicamento contra depressão e ansiedade", disse outra testemunha.
A adolescente foi atendida e depois encaminhada para a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), onde prestou depoimento. Na sequência, foi levada até a Santa Casa para passar por exames médicos mais detalhados. O caso foi registrado como tentativa de feminicídio, tortura, sequestro e cárcere privado.