Alvinegro foi heroico para buscar um empate num jogo em que foi muito pior que o rival, mas teve coração até o apito final.
O Palmeiras amassou o rival, que “foi Corinthians”, como tantas vezes na história, para arrancar um empate improvável e inacreditável, aos 54 do segundo tempo: 2 a 2.
Muito superior em todos os aspectos, o Alviverde nem parecia estar enfrentando seu maior rival histórico, na Arena Barueri, pelo Campeonato Paulista. Mas, num lance inexplicável, Weverton levou um gol de falta, de muito longe, quando o Corinthians tinha dois a menos e o zagueiro Gustavo Henrique jogava de goleiro.
A verdade é que se o Corinthians tivesse saído de campo goleado, não seria exagero. Mas, em vez disso, o Timão mostrou muita garra para buscar um empate muito improvável no jogo que marcou o novo recorde de público do estádio: 29.647 pagantes, superando o contingente presente à final da Copa do Brasil de 2012, entre Palmeiras e Coritiba.
Mesmo com desfalques de peso como Veiga e Gómez, que saiu lesionado no início do jogo, o Verdão não dava chances para os alvinegros. Endrick e Flaco López fizeram os gols do Palmeiras. Mas nada disso adiantou. Porque Yuri Alberto descontou, antes de Garro empatar, com um golaço e uma falha imperdoável de Weverton.
O resultado mantém a série invicta do Verdão, que não sabe o que é perder para o Corinthians há sete jogos. Mas não interrompe a recuperação do Corinthians no Estadual, que ainda não foi derrotado depois da chegada de António Oliveira e segue vivo com chance de classificação no Estadual.
1 a 0 saiu barato para o Corinthians no 1º tempo
O Palmeiras entrou sem Raphael Veiga, que se recupera de lesão ocular, num esquema com três volantes e três zagueiros. Mas nem pareceu que o melhor jogador do time do ano não estava em campo. Porque o Palmeiras sobrou nos três setores do campo. O Palmeiras teve superioridade numérica sempre que o Corinthians tinha a bola, e sufocava o rival.
Antes dos 20 minutos, Flaco López já havia desperdiçado pelo menos duas chances claras. Aos 17, saiu cara a cara com Cássio e bateu mal. Zé Rafael, mais avançado, deveria ser o armador do Palmeiras. Mas, no fim das contas, foi Endrick, recuando para buscar jogo, quem criou as melhores jogadas do Alviverde em bolas enfiadas.
Perder Gustavo Gómez, que se lesionou após um carrinho do compatriota Romero, aos 13, também não causou problemas para o Verdão. Porque o garoto Naves entrou muito bem no time. Não perdeu uma jogada na defesa e ainda foi responsável direto do primeiro gol do Palmeiras.
O relógio já apontava 43 do 1º tempo quando o zagueiro se antecipou a Caetano e roubou a bola na risca da área. Rocha recebeu e rolou para trás. Endrick limpou Fausto Vera e bateu forte e rasteiro opara abrir o placar. Um minuto depois, o camisa 9 do Verdão quase ampliaria: Cássio defendeu cara a cara. A verdade é que o 1 a 0 saiu barato para o Corinthians.
Corinthians iniciou ansioso e com problemas no meio de campo
Assim que a bola rolou, o Corinthians mostrou uma enorme ansiedade. Isso inevitavelmente ocasionou uma sequência de erros bobos, que deram ao Palmeiras boas chances de finalizar ao gol do Cássio. Faltou pontaria aos jogadores alviverde.
O meio de campo do Timão foi um grande problema, o que já tinha acontecido em outras partidas do Campeonato Paulista, mas que parecia ter sido recuperado nas duas últimas partidas. Mas a entrada do Fausto Vera, no lugar do Maycon, deixou o Corinthians nulo no setor: sem marcação, sem criatividade e sem armação, deixando clara, mais uma vez, a falta de adaptação – e vontade – do argentino em desempenhar o mínimo esperado desde sua chegada em julho de 2022.
Já no final da primeira etapa, o Corinthians mudou sua marcação dentro do campo. Quem estava na marcação de Endrick era Caetano, mas com o decorrer do jogo, Gustavo Henrique assumiu a função. Não adiantou.
Porque, num descuido de toda a marcação, o camisa 9 recebeu, limpou Vera e bateu para colocar a bola dentro da rede, aos 43. O Corinthians até teve oportunidades de finalização, mas não conseguiu sucesso em nenhuma, deixando Weverton tranquilo. Antes do apito do intervalo, o Palmeiras ainda conseguiu mais dois contra-ataques – salvos pelo goleiro do Timão.
Palmeiras termina de amassar o rival, mas dá mole
O Palmeiras voltou como um rolo compressor no segundo tempo. E não fosse um pé à frente, de Marcos Rocha, o Verdão teria feito 2 a 0 com 3 minutos: Endrick enfiou para o lateral, que limpou a marcação e bateu de esquerda para fazer um golaço, que o VAR terminou por anular.
O lance não desanimou o Palmeiras, que continuou sufocando o Corinthians. A sensação era mesmo de que o Palmeiras tinha mais jogadores em campo. Com a proteção dos zagueiros e de Moreno, Ríos também jogou praticamente como um atacante na segunda etapa, quando o Palmeiras tinha a bola.
O sufoco se transformou em gol aos 22: Piquerez cobrou o escanteio e Flaco López subiu muito para desviar, meio de ombro, meio de cabeça, meio com o ombro de Felix Torres, para fazer o segundo do Palmeiras – seu sexto no Paulista, artilheiro do torneio: o sexto em seis jogos
Com o placar assegurado, o Palmeiras diminuiu o ritmo e jogava muito tranquilo. Mas, aos 41, Yuri Alberto descontou. Aos 44, Cássio ainda foi expulso por falta em Rony fora da área. Mas o Corinthians não se entregou e buscou o empate. No último lance do jogo, com Gustavo Henrique no gol, Raniele ainda salvou bola em cima da linha.
Timão segue mal, mas busca empate na base do coração
A segunda etapa do Corinthians não fugiu do que aconteceu durante o primeiro tempo: o Corinthians completamente dominado pelo rival, e isso ficou claro logo nos minutos iniciais. Para tentar solucionar os problemas do time António Oliveira optou por fazer trocas nas laterais e no ataque, dando espaço para os estreantes Matheus França e Pedro Henrique, tirando assim Fagner e Wesley.
O problema no meio de campo continuou, já que Fausto Vera voltou para segundo tempo, e as peças que o treinador corintiano ainda tinha no banco eram Matheus Araújo e Matias Rojas, que também não estão conseguindo corresponder ao que esperado, a escolha para a saída do argentino foi Biro, garoto da base do Corinthians, que estava com a Seleção Brasileira no pré-olímpico.
Sem conseguir fazer muito para chegar ao ataque, sobrou ao Corinthians apenas se defender do jeito que dava, mas não o suficiente para evitar o segundo gol do Palmeiras, depois disso o Timão até tentava alguns lampejos de ataque, mas acabava parando boa defesa palmeirense.
Aos 41, o Timão finalmente conseguiu levar perigo ao gol do Weverton e balançar a rede. A jogada começou com Gustavo Silva, pela direita, ele cruzou na direção do Yuri Alberto, que finalizou para fazer o 1 a 2. E, mesmo co Cássio expulso, aos 44, e com Gustavo Henrique no gol, veio o empate inacreditável:
Garro cobrou a falta no ângulo de Weverton e empatou o clássico com dois jogadores a menos – do jeito mais Corinthians possível.
Por Trivela