Trocar pão por tapioca, comer barrinha de cereal no lanche da tarde, pasta de amendoim no lugar de chocolate… São tantas as opções que surgem no universo das dietas ou do que é creditado como alimentação saudável que, vez ou outra, as trocas acabam se tornando armadilhas – pelo fato de certos alimentos serem equivalentes aos tradicionais ou por esconderem ingredientes mais calóricos por trás do rótulo fit.
A nutricionista clínica Gabriela Cilla afirma que não existem alimentos proibidos, ou que, isoladamente, podem fazer a pessoa engordar mais do que outros. Tudo depende da quantidade e da frequência com que são inseridos na alimentação.
Suco de caixinha, comida congelada e outros facilitadores da rotina alimentar podem ser alternativas saudáveis, desde que bem escolhidas. O segredo está em saber ler as informações do rótulo e a composição de ingredientes, conforme explica a especialista.
“Quanto menos ingredientes tiver no rótulo, melhor. Um biscoito, por exemplo, precisa de farinha, ovo, açúcar e chocolate. É aceitável que ele tenha um conservante, tipo benzoato, mas quatro ou cinco tipos junto, com alguns aromatizantes e corantes, já não é considerado um bom alimento”, destaca Gabriela.
A tapioca costuma ser associada a uma opção saudável por não conter glúten – proteína presente em farinhas como trigo e centeio –, mas, se comparada ao pão, por exemplo, pode não representar uma mudança significativa para a perda de peso, se esse for o objetivo do consumidor.
“A tapioca é um alimento de alto índice glicêmico. Isso significa que a proporção da energia que ela fornece é absorvida muito rapidamente pelo organismo, então depois de dez minutos a pessoa pode ficar com fome de novo. O índice glicêmico da tapioca é quatro vezes maior do que o do pão”, diz a nutricionista.
Nesse caso, apostar em alimentos de origem integral pode ser uma alternativa para aumentar a saciedade, já que eles têm o índice glicêmico mais baixo e sua absorção é feita de forma mais lenta.
No entanto, Gabriela ressalta que os alimentos 100% integrais, para ficarem mais apetitosos, podem conter mais açúcar do que aqueles que não são, por isso é importante atentar aos ingredientes do rótulo.
A pasta de amendoim é outra armadilha recorrente no caminho de quem quer fugir dos doces para emagrecer. Isso porque a guloseima, considerada pelo mundo fit mais saudável do que o chocolate, pode ser tão calórica quanto.
“Uma fileirinha de chocolate todos os dias não vai engordar. A pessoa come uma quantidade maior de pasta de amendoim para saciar a vontade do doce, mas às vezes era mais interessante comer o chocolate do que comer quatro colheres da pasta, que é extremamente calórica, e não ficar feliz. A pessoa pode ter a liberdade e capacidade de escolher o que comer, desde que ela saiba o que está comendo e coma com moderação”, afirma Gabriela.
No caso das barrinhas de cereal, apontadas como opções saudáveis para lanches rápidos, a nutricionista explica que elas são, em grande parte, banhadas em xarope de milho e de glucose, substâncias que contribuem para o aumento da gordura visceral, sobretudo no fígado.
“Não é interessante que a pessoa faça o consumo desses produtos de maneira rotineira. É importante sempre ler o rótulo [e preferir] as que sejam adoçadas com como xilitol, stévia, mel ou melado de cana, que também é uma opção interessante”, explica a especialista.
A estratégia de ler o rótulo também vale para alimentos vendidos com light ou fit, que prometem ser zero gordura, mas podem conter uma quantidade significativa de açúcar, segundo Gabriela.
“É muito mais importante, por exemplo, que a pessoa compre um iogurte e bata com morango em casa, porque, se ela colocar açúcar, com certeza a quantidade vai ser menor do que a que tem naquele alimento pronto que é vendido como zero ou saudável”, diz a nutricionista.
A comida congelada, por sua vez, pode ser uma aliada interessante desde que não contenha conservantes nem corantes em excesso. No caso de lasanhas e massas, por exemplo, pertencentes à categoria de ultraprocessados, o consumo recorrente não é recomendado.
“Produtos como hambúrgueres congelados são interessantes desde que não tenham uma quantidade muito grande de aromatizantes ou de potencializadores de sabor, caso do glutamato monossódico”, explica a nutricionista.
Já os sucos industrializados, vendidos em caixinha ou garrafa que facilitam o transporte ou o preparo no dia a dia, Gabriela destaca que também são alimentos de alto índice glicêmico que não contribuem para a saciedade, além de não contarem com as fibras presentes nas frutas.
Na hora da escolha, caso haja preferência, vale apostar nos que são 100% integrais, não adoçados artificialmente, segundo a nutricionista. “Entretanto, muito mais interessante do que a pessoa levar um suco é que ela coma a fruta, porque vai ter absorção de vitaminas, minerais e fibras alimentares, o que não vai ter no suco”, afirma.
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