
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, telefonou na segunda-feira (17) para o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu e defendeu um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
Na ligação, Biden demonstrou preocupação com o conflito, mas não exigiu uma trégua imediata, como quer a ala progressista do Partido Democrata.
Israel vem contando com o socorro diplomático do governo americano e Biden ainda não deu sinais de que pretende mudar a posição histórica dos EUA.
Faz mais de uma semana que vem acontecendo o conflito, com mais de 200 palestinos mortos em ataques aéreos de Israel, deflagrados em resposta a milhares de foguetes lançados pelo Hamas, que mataram 10 israelenses.
Biden e seu secretário de Estado, Antony Blinken, disseram que o governo israelense “tem direito de se defender”, mas evitaram ao máximo críticas ao aliado e até agora não fizeram nenhum pedido de moderação nos bombardeios.
A posição vem deixando Biden exposto às críticas crescentes dos eleitores progressistas e de congressistas de seu partido, que exigem uma política mais dura com relação a Israel, uma mudança gradual, mas perceptível, na disposição dos democratas.
O senador Bob Menendez, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado, considerado pró-israelense, disse estar “profundamente preocupado” com os ataques a Gaza, exigindo uma completa “prestação de contas” por parte de Israel.
Bernie Sanders, também senador e porta-voz informal da juventude do partido, chamou a situação de “inconcebível” e disse que os Estados Unidos deveriam reavaliar os US$ 4 bilhões anuais em ajuda militar a Israel.
Sanders, que é judeu e outros progressistas vêem o conflito cada vez mais sob o prisma da justiça social, especialmente porque o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu se apega ao poder por meio de uma aliança com a extrema direita e abordou o problema de maneira ideológica, especialmente durante a presidência de Donald Trump.
Em artigo no New York Times, Sanders escreveu que Netanyahu “cultivou um tipo cada vez mais intolerante e autoritário de nacionalismo racista”.
A deputada hispânica Alexandria Ocasio-Cortez, uma das estrelas do Partido Democrata, pediu uma ação da Casa Branca contra o “apartheid” israelense, um termo que enfurece Israel, mas que foi recentemente endossado pela ONG Human Rights Watch, que lamentou que o governo israelense adote “uma política de domínio” sobre os palestinos.
Logan Bayroff, diretor de comunicação do grupo pró-Israel J Street, disse que há uma percepção crescente de que a ação israelense, incluindo a expulsão de famílias palestinas de Jerusalém Oriental, contribui para a crise.
“Existe mais disposição dentro do Partido Democrata de criticar não apenas os foguetes do Hamas, mas também a política do governo israelense”, disse Bayroff. “Isso cria um grande contraste com o governo Biden”.