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Quinta, 04 de dezembro de 2025

Policiais armados entram em escola após pai denunciar aula de religião africana

Funcionária relata coação, e SSP abre investigação sobre conduta dos policiais.

19 de nov 2025 - 09h:19 Créditos: Redação, com informações do G1
Crédito: Reprodução/G1

Uma funcionária da Emei Antônio Bento, em São Paulo, afirma que foi coagida por cerca de 20 minutos por um grupo de 12 policiais militares dentro da escola, um deles armado com uma metralhadora. A ação ocorreu após o pai de uma aluna denunciar que a instituição teria obrigado sua filha a participar de uma suposta “aula de religião africana” por causa de um desenho com o nome “Iansã” exposto no mural.

O episódio, que teria acontecido na última terça-feira (11), provocou medo e constrangimento entre funcionários e familiares, segundo relato registrado em relatório enviado no dia seguinte. A funcionária, que preferiu não ser identificada, afirma ter explicado aos PMs que a atividade fazia parte do currículo antirracista, documento oficial da rede municipal, que inclui elementos da cultura afro-brasileira nas propostas pedagógicas.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou ao g1 que a corporação instaurou uma apuração interna para avaliar a conduta dos policiais envolvidos, incluindo a análise das imagens das câmeras corporais.

A jornalista Ana Aragão, representante da Rede Butantã — coalizão de entidades e instituições da região — disse que o caso gerou “indignação generalizada”. Ela relatou que o pai da aluna chegou a rasgar todos os desenhos expostos no mural. A comunidade organizou um abaixo-assinado em apoio à escola e aos profissionais, destacando preocupação com a ação policial e classificando como racista a orientação dada pelos agentes.

O documento reforça que a escola cumpre sua função ao promover diversidade cultural e formação cidadã e repudia qualquer manifestação de intolerância religiosa ou discriminação. O texto pede cinco medidas, entre elas: responsabilização do pai por danificar materiais escolares e acionar indevidamente a polícia; investigação dos PMs por possível abuso de autoridade; e ações formativas para todos os envolvidos sobre combate ao racismo.

A funcionária que se diz coagida afirmou ainda que toda a ação foi registrada pelas câmeras da unidade, e as imagens estão disponíveis para as autoridades.

 

O que diz a Secretaria Municipal da Educação

 

Em nota, a Secretaria Municipal da Educação afirmou que o pai da estudante foi informado de que o desenho fazia parte de uma produção coletiva. A pasta reforçou que a atividade integra propostas obrigatórias do Currículo da Cidade, que prevê o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena.

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