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Domingo, 27 de julho de 2025

Nem tradição de igreja escapa, agora moda é acender vela online

Fazer pedidos na internet é coisa de católico ‘Nutela’? Fiéis respondem na porta de igreja.

20 de fev 2025 - 15h:01 Créditos: Cg News
Crédito: Vela online é opção para quem não pode sair de casa, mas tradição ainda impera (Foto: Aletheya Alves)

Você sabia que dá para acender vela online no site do padre Marcelo Rossi? Nas redes sociais, a nova moda é usar da tradição para tentar achar namorado, beijar o homem dos sonhos, conseguir um emprego e até pedir aquele socorro para a vida financeira. Para saber o que os católicos "raiz" pensam sobra a onda, o Lado B foi até a Igreja Perpétuo Socorro perguntar se as tais velas online são coisa de gente "nutella".

Para a maioria dos fiéis, o que vale é a intenção e a fé. Mesmo assim, quem estava no local não troca o ato presencial pelo online. "A energia é diferente", explicam.



Apesar dos jovens terem feito do padre um meme, ele é figura respeitada. Por isso, o site tem inúmeras velas acesas, e como mencionado, os motivos são infinitos. Lá tem opções para quem precisa de prosperidade, menos ansiedade na rotina, para aqueles que pedem por misericórdia para o mundo, quem luta contra a tristeza e a mágoa e até quem deseja se libertar de pensamentos ruins.

Acender qualquer vela é gratuito e pode ser feito quantas vezes a pessoa quiser. Vale até pedir por outra pessoa. A duração da chama é de 1 ou 7 dias. Mas como funciona isso de vela virtual? No site é preciso clicar no menu ‘religiosidade’, em seguida, ‘Capela Virtual’ e escolher qual vela será acesa. Para os católicos que gostam da prática, mas não têm tempo de ir até a igreja, acabou a desculpa.

Resposta em postagem sobre acender velas online (Foto: Redes sociais)

Quem não troca a boa e velha vela física é Kate Sammer, de 45 anos. Ela conta que o assunto não é novo, mas que não larga a tradição de ir até a igreja para fazer os pedidos. O que muda é a energia do momento, segundo ela.

“Na igreja é uma coisa que transcende, no caso da Perpétuo eu renovo minha energia, é aquela hora que você está atordoada e tem um momento de paz. Essa igreja representa um abraço de Deus na minha vida. Fora daqui, acho que não é a mesma coisa, nada substitui estar e acender na igreja, mas é válido”.

Kate Sammer não larga tradição de ir à igreja acende velas (Foto: Henrique Kawaminami)

Com família católica fervorosa, Kate explica que, além das velas, eles rezam com frequência o terço. “Pedimos para o Anjo da Guarda sempre. Minha família é gigantesca, então uma vela ainda é pouco e um terço ainda é pouco. Isso é rotineiro”.

Sentada em um dos bancos na parte externa da igreja, Maria Valdete Oliveira, 67 anos, conta que costuma ir até ao local para acender vela, mas que prefere fazer em casa. A alternativa de fazer pelo celular não agradou, ela comenta preferir os modos tradicionais, mas não critica quem escolhe fazer isso pela internet.

“Eu acendo em casa faz muitos anos. Não é a mesma coisa, mas quem manda é a fé. Estar fazendo algo e pedindo pode ser aqui, em casa ou na internet. Acho que é meio assim [nutella], coisa da nova geração. Às vezes a pessoa fala que não vai dar para ir para a igreja e acende assim. Não acho ruim. Tudo o que faz pedindo de verdade para Deus é bom”.

Maria Valdete Oliveira nunca ouviu falar sobre velas virtuais (Foto: Henrique Kawaminami)

Ela ressalta que isso é uma boa alternativa para as pessoas que estão doentes e não conseguem sair de casa, está com dificuldades motoras, por exemplo.

Gilda Satiko, de 60 anos, levou um saco de velas para acender em um local especial da igreja, onde os pedidos são feitos. Ela comenta que até chegou a ver as velas online, mas que nunca acendeu nenhuma, porque a tradição fala mais alto.

Gilda Satiko sempre acende velas para agradecer graças alcançadas (Foto: Henrique Kawaminami)

“Já vi, mas não sei como funciona. Eu acendo essas comuns. Hoje vim agradecer pela cirurgia do meu marido. Nunca usei a online. Não tenho experiência, mas acho legal. Acho que qualquer intenção vale, só tem que acreditar e ter muita fé. Eu rezo muito em casa, sou muito religiosa. Pedi muitas coisas e alcancei”.

A pequena Esther, de 9 anos, também quis acender uma vela. A mãe, Claudineide Barbosa, 49 anos, explica que é a segunda vez que a família vai até a Perpétuo fazer isso. O padrasto, Vaberton Ladislau, de 30 anos comenta que orientou que a enteada de que fizesse os pedidos em casa, antes de dormir e que eles seriam atendidos, desde que fossem feitos com verdade. Mas a menina fez questão de ir até o local.

“Faz dias que está pedindo para vir fazer uma promessa e não dava tempo pela correria. Eu e minha família somos muito católicos. Falei que tudo o que pedir com fé e oração vai conseguir a graça. Temos isso e trago isso comigo. Para eles acenderem a vela online ou presencial é igual. O que vale é a intenção do ato".

Vaberton e Claudineide levaram Esther para fazer promessa na Perpétuo Socorro (Foto: Henrique Kawaminami)


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