
O senador e ex-prefeito de Bogotá, Gustavo Petro, de 62 anos, fez história no domingo (19.jun.22) ao se tornar o primeiro político de esquerda eleito presidente da Colômbia. Mas foi apertado. Ele obteve 50,44% dos votos, vencendo o empresário conservador Rodolfo Hernández, que, embora fosse ex-prefeito da cidade de Bucaramanga, apresentava-se como um outsider da política.
A diferença foi de cerca de 717 mil votos. As pesquisas indicavam um empate técnico entre Petro e Hernández.
Na década de 1980 o presidente eleito integrou o grupo guerrilheiro M-19, até ser preso em 1985. Em 1990, participou da transformação da guerrilha em partido político e foi eleito deputado no ano seguinte. Essa é a terceira vez que tenta a presidência. A eleição é inédita também por levar ao poder, como vice, a primeira mulher negra na história do país, a advogada e ativista dos direitos humanos Francia Marquez. Líderes de diversos países da América Latina parabenizaram Petro, mas o governo brasileiro não se manifestou. (Veja abaixo as principais manifestações).
Apesar de ter sido apelidado de ‘Trump colombiano’, Hernández divulgou um vídeo reconhecendo prontamente a derrota. “Aceito o resultado, como deve ser se desejamos que nossas instituições sejam firmes. Espero sinceramente que esta decisão venha em benefício para todos e que a Colômbia se transforme. Desejo ao doutor Gustavo Petro que saiba dirigir o país e que seja fiel a seu discurso contra a corrupção”, disse o político de 77 anos.
Maurício Moura, do Instituto de Pesquisa Ideia: “A mensagem colombiana corrobora uma tendência consistente na América Latina moderna: está cada vez mais duro ser governo. Na Argentina, Mauricio Macri perdeu a reeleição porque seu governo era mais desaprovado que aprovado. Vale ressaltar que o argentino melhorou sua popularidade durante a campanha, mas não foi suficiente. Na Bolívia, o governo provisório, amplamente mal avaliado, amargou uma derrota. No Peru, dois candidatos amplamente (Pedro Castillo e Keiko Fujimori) contrários ao presidente em exercício foram ao segundo turno. Recentemente no Chile, o ex-líder estudantil e esquerdista Gabriel Boric, é claramente contrário ao ex-mandatário Sebastian Piñera. Portanto, na América Latina, buscar reeleição passou a ser sinônimo de viver na corda bamba. Mudança, acima de tudo, é o novo normal.”
Confira as principais manifestações.
Andrés Manuel López Obrador, presidente do México
"A vitória de Gustavo Petro é histórica. Os conservadores da Colômbia têm sido tenazes e duros. O escritor José María Vargas Vila relatava que os ditadores do seu país 'molhavam em água benta seu punhal antes de matar'".
Gabriel Boric, presidente do Chile
"Acabo de falar com @petrogustavo para cumprimentá-lo por sua vitória na presidência da Colômbia junto com @FranciaMarquezM. Alegria para a América Latina! Trabalharemos juntos pela unidade do nosso continente nos desafios de um mundo que muda velozmente. Sigamos!"
Alberto Fernández, presidente da Argentina
"Me enche de alegria a vitória obtida @petrogustavo e @FranciaMarquezM e com o qual termina o processo eleitoral na Colômbia. Acabo de transmitir ao presidente eleito meus parabéns pela confiança que o povo depositou nele. Sua vitória convalida a democracia e assegura o caminho para uma América Latina integrada neste tempo que exige de nós a máxima solidariedade entre povos irmãos."
"Cumprimento Gustavo Petro e Francia Márquez pela vitória histórica nas eleições presidenciais da Colômbia. Foi ouvida a vontade do povo colombiano, que saiu para defender o caminho da democracia e da paz. Novos tempos se aproximam para este país irmão".
Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela e reconhecido como tal por mais de 50 países
"A Colômbia é hoje o lar de 2 milhões de venezuelanos que fugiram em busca de futuro. Defendemos que a gestão do novo presidente @petrogustavo mantenha a proteção aos venezuelanos vulneráveis em seu país e acompanhe a luta da Venezuela para recuperar sua democracia".
Henrique Capriles, dirigente opositor da Venezuela
"Hoje, #19Jun, os colombianos votaram em paz e reafirmaram sua democracia. Em pouco mais de 1 hora o resultado foi conhecido. Na Colômbia vivem 2 M (milhões) de venezuelanos. Esperamos que o novo presidente governe com respeito e sem exclusão para eles".
Miguel Díaz-Canel, presidente de Cuba
"Expresso meus mais fraternais cumprimentos a Gustavo Petro, @petrogustavo, por sua eleição com Presidente da Colômbia em histórica vitória popular. Reiteramos disposição para avançar no desenvolvimento das relações bilaterais pelo bem-estar dos nossos povos".
"Parabéns ao povo colombiano! Nossos cumprimentos ao irmão @petrogustavo e à irmã @FranciaMarquezM por sua vitória hoje nas urnas. A integração latino-americana se fortalece. Nos unimos à festa das e dos colombianos. ¡Jallalla #Colombia". Jallalla é uma palavra quéchua que significa júbilo.
Pedro Castillo, presidente do Peru
"Acabo de ligar para @petrogustavo para cumprimentá-lo por sua histórica vitória democrática na Colômbia. Nos une um sentimento em comum que busca melhoras coletivas, sociais e de integração regional para nossos povos. Irmão Gustavo, conte sempre com o apoio do Peru".
Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, e Rosario Murillo, sua mulher e vice-presidente
"Com todo o respeito e muito carinho ao seu Povo Saudamos sua Vitória Eleitoral de hoje, 19 de Junho. Esperamos o melhor para as Famílias desse país irmão (...) Que na Nossamérica Caribenha continuemos fortalecendo uma história como nossos Povos esperam e merecem".
Guillermo Lasso, presidente do Equador
"Cumprimentei por telefone @petrogustavo por sua eleição como presidente da nossa irmã, República da Colômbia, e reiterei a disposição do nosso Governo para fortalecer a amizade e a cooperação, priorizando o desenvolvimento e a integração dos nossos povos".
Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia
"Cumprimento @petrogustavo por sua eleição como o próximo presidente da #Colombia. A Colômbia é um sócio fundamental para a UE. Conte com a União Europeia para seguir fortalecendo nossas relações".