
A economia real do país segue travada — e os números da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgados nesta semana desmontam a propaganda de “crescimento sustentável” repetida pelo governo federal.
No terceiro trimestre de 2025, a produção industrial brasileira ficou praticamente estagnada, com índice de 50,1 pontos, o que indica ausência de avanço. Ao mesmo tempo, os estoques subiram e o nível de emprego caiu, revelando um cenário de fraqueza generalizada no setor produtivo.
Enquanto o governo Lula insiste em um discurso de recuperação, a realidade mostra uma indústria sufocada pela carga tributária elevada, juros altos, gasto público excessivo e falta de estímulo à competitividade.
Demanda fraca e produção parada: o retrato da economia brasileira
De acordo com o levantamento da CNI, o índice de estoques “efetivos em relação ao usual” chegou a 50,7 pontos, ultrapassando o nível considerado saudável. Significa que há produto demais e consumo de menos.
A consequência é previsível: fábricas desaceleram, demitem e reduzem investimentos. O índice de emprego industrial caiu para 48,9 pontos, em um período que tradicionalmente marca a retomada da produção para as vendas de fim de ano.
A utilização da capacidade instalada recuou para cerca de 70%, abaixo dos 72% registrados em 2024 — um sinal claro de que as empresas estão produzindo menos porque o país consome menos.
Omissão e erros do governo federal
O problema não é apenas conjuntural, mas estrutural e político. O Palácio do Planalto mantém foco em programas de gasto e expansão do crédito, sem resolver o verdadeiro gargalo: a falta de confiança e de competitividade da indústria.
Enquanto o Ministério da Fazenda comemora arrecadação recorde – fruto de mais impostos e não de um país que produz mais – empresários enfrentam um ambiente de negócios hostil, repleto de instabilidade regulatória e aumento de custos. O resultado é um setor produtivo desmotivado, que prefere reter investimentos a apostar em um governo que muda regras e penaliza quem produz.
A ausência de uma política industrial moderna e coerente agrava o quadro. O governo prefere medidas populistas e paliativas, ignorando que a indústria é o motor da geração de empregos de qualidade e da inovação tecnológica.
O risco de uma estagnação prolongada
Se nada for feito, o Brasil pode encerrar 2025 com crescimento próximo de zero, aumento do desemprego e retração no investimento privado.
A indústria brasileira precisa de reformas reais — uma reforma tributária simples e estável, redução do custo Brasil, segurança jurídica e estabilidade institucional. Sem isso, qualquer crescimento será apenas estatístico e temporário.
O governo federal parece olhar para o retrovisor, comemorando números manipulados e ignorando a paralisia do setor que deveria sustentar o desenvolvimento nacional. O resultado é um país que acumula estoques, impostos e desemprego, em vez de progresso e prosperidade.
Humberto Teixeira Júnior
Ex-vereador, ex-presidente da Câmara Municipal de Dourados e ex-presidente da União de Câmaras de Vereadores do Mato Grosso do Sul (UCVMS