O dólar recua nesta terça-feira (22) e segue abaixo dos R$ 5 em meio a um reforço do fluxo de investimentos estrangeiros favorável ao real que começou em 2022. Ele está apoiado nos juros altos do país, ativos descontados na bolsa de valores e o peso das commodities – com seus preços elevados – para a economia brasileira.
Ao mesmo tempo, o mercado digere a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Ela deixou aberta a possibilidade da taxa Selic ter um ciclo de alta mais intenso se necessário, mas indicou que o ciclo pode ser encerrado na reunião de maio, com nova elevação de 1 ponto percentual, movimento considerado mais suave, ou dovish, pelo mercado.
Por volta das 9h19, a moeda norte-americana recuava 0,40%, cotada a R$ 4,924. O contrato futuro de dólar de primeiro vencimento negociado na B3 tinha queda de 0,27%, a R$ 4,921.
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Na segunda-feira (21), o dólar caiu 1,47%, cotado a R$ 4,943 – menor cotação desde 30 de junho de 2021. Já o Ibovespa registrou alta de 0,73%, aos 116.154,53 pontos.
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia no dia 24 de fevereiro, os mercados de petróleo mostram a maior volatilidade em dois anos, com os preços da commodity chegando a bater níveis vistos pela última vez em 2008.
O movimento dos últimos dias foi de recuo, mas o tipo Brent voltou a rondar os US$ 110, com temores de dificuldades da Rússia, um dos maiores exportadores do mundo, para atender a demanda por petróleo e as discussões sobre um possível embargo da União Europeia à compra de petróleo russo.
Se comparado com anos anteriores, o petróleo segue em valores elevados, devido ao descompasso entre oferta e demanda da commodity, com os principais produtores, reunidos na Opep+, ainda não retomando os níveis de produção pré-pandemia. O quadro foi intensificado com as tensões na Europa.
Outra consequência da alta do petróleo é a elevação do preço dos combustíveis. No Brasil, isso acelerou a aprovação de projetos de lei que buscam conter a alta nos preços dos combustíveis.
Commodities
A situação na Ucrânia pode prejudicar o real, que inaugurou um ciclo de migração de investimentos em 2022 para mercados ligados a commodities e vistos como baratos, como o Brasil — também ajudado pelos juros altos no país —, ao estimular a busca pelo dólar com uma aversão maior a riscos.
Porém, a disparada nas commodities favorece o mercado brasileiro, em um jogo de pressões positivas e negativas que ainda beneficia o real até o momento.
O ciclo está ligado, em parte, à alta nos preços do petróleo e do minério de ferro devido à elevada demanda em meio à retomada econômica. A perspectiva de alta de juros nos Estados Unidos também alimentou essa migração, com a saída da renda variável norte-americana.
Outro fator por trás desse movimento são as expectativas de mais medidas pró-crescimento na China que estão aumentando as esperanças de uma recuperação na demanda por metais, o que levou a altas nos preços, reforçadas com a crise na Ucrânia.
Porém, intervenções do governo chinês no mercado e um novo surto de Covid-19 no país com lockdowns ainda geram pressões de queda, em um sobe e desce na cotação, que continua em níveis elevados.
Guerra na Ucrânia
Acompanhe a cobertura ao vivo da CNN sobre o conflito.
Enquanto a Rússia continua a atacar as principais cidades da Ucrânia, incluindo a capital Kiev e a cidade de Mariupol, os dois países tentam negociar um possível fim pacífico para o conflito.
Já do ponto de vista econômico, o acontecimento mais recente envolvendo o conflito na semana foi o anúncio por países da União Europeia de novas sanções contra a Rússia, que viu sua moeda, o rublo, despencar e atingir uma mínima histórica. Os alvos foram setores de energia, aço e defesa.
Mas as sanções de maior impacto econômico para o país estão ligadas à expulsão de bancos russos do Swift, um meio de pagamentos global.