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Segunda, 25 de agosto de 2025

Pircing: Perigos e complicações

Infecções que podem levar à morte

22 de jul 2022 - 10h:08 Créditos: Thais Monteiro Leite
Crédito: Reprodução

O uso de body piercing está se tornando mais comum entre os jovens. Cerca de uma em cada quatro pessoas entre 13 e 29 anos tem um piercing. Na maioria dos casos, os implantes de punção não apresentam grandes complicações, mas o procedimento está longe de ser isento de problemas. Cerca de 40% têm algum grau de infecção de pele e 1% desenvolve complicações graves que requerem hospitalização.

Infecção pelo piercing

A pele é o nosso maior órgão de defesa. Impede que bilhões de bactérias que vivem em nossa pele invadam nossos corpos. Quando perfuramos essa barreira com piercings, nosso interior fica exposto a bactérias causadoras de doenças.

Como analogia, poderíamos dizer que um buraco na pele equivale a deixar a porta de casa aberta em um bairro cheio de ladrões. Nada vai acontecer, mas o risco é muito maior do que trancar a porta.

Alguns lugares como a língua e as orelhas são mais propensos a complicações. A primeira é porque a boca é uma área rica em bactérias e a segunda porque a cartilagem da orelha é uma área pouco vascularizada, o que dificulta o acesso das células de defesa.

No entanto, infecções graves podem ocorrer em qualquer parte do corpo. Isso inclui os órgãos genitais, umbigo, sobrancelhas, mamilos, etc. Sempre que a barreira da pele é rompida, existe o risco de contaminação bacteriana.

Piercing na orelha

Como a região de cartilagem apresenta uma vascularização sanguínea pobre, qualquer infecção local pode ser difícil de ser tratada porque havendo pouco sangue, não há fluxo suficiente nem de das células de defesa nem dos antibióticos que possam ser prescritos.

A duas infecções mais comuns da orelha são a celulite, provocada pela bactérias Staphylococcus aureus, e a pericondrite, que é a inflamação da cartilagem da orelha e costuma ser provocada pela bactéria Pseudomonas aeruginosa.

A infecção da orelha pode surgir no momento da implantação do piercing, se o processo for feito com pouca assepsia, ou mais tardiamente, caso a orelha não seja limpa com produtos adequados.

Todos os casos de celulite da orelha ou pericondrite devem ser tratados com antibióticos e remoção do piercing. Nos casos mais graves, principalmente se não tratados a tempo, o paciente pode ficar com deformidades na orelha.

Piercing na língua

A língua é outro local comum de infecção. Nesse caso, o problema é o oposto da cartilagem. Ela é um órgão extremamente vascularizado e localizado em uma região com elevada carga de bactérias.

A boca é dos sítios do corpo humano com maior concentração de bactérias. Como há muito fluxo de sangue, qualquer infecção na língua pode facilmente atingir a circulação sistêmica e levar as bactérias a órgãos distantes.

Há casos descritos de formação de abscesso cerebral apenas 4 semanas após a colocação de piercing na língua. A bactéria entrou pelo orifício do piercing, alcançou a circulação sanguínea e foi se alojar no cérebro.

Outro órgão distante que pode ser acometido nesses casos são as válvulas cardíacas, causando uma grave infecção chamada endocardite infecciosa.

Além da infecção da língua, outras complicações que podem surgir são:

  • Gengivite e periodontite por dificuldade em manter uma higiene oral adequada.
  • Sangramento frequente da língua.
  • Aumento da salivação.
  • Lesões dos dentes por trauma do piercing.
  • Interferência com a mastigação e deglutição.
  • Interferência na fala.

As complicações listadas acima não são graves, mas podem ser incômodas e frequentemente levam o paciente a desistir do piercing.

Tempo de cicatrização

A completa cicatrização do local de inserção é necessária para reduzir o risco de infecção. Cada local do corpo tem um tempo diferente, que pode variar de alguns dias até vários meses.

Os tempos de cicatrização médio para cada tipo de piercing são os seguintes:

  • Clitóris – 2 a 6 semanas.
  • Língua – 3 a 6 semanas.
  • Lóbulo da orelha e aurícula – 6 a 8 semanas.
  • Sobrancelha – 6 a 8 semanas
  • Lábio – 6 a 8 semanas.
  • Saco escrotal – 2 a 3 meses.
  • Grandes lábios – 2 a 4 meses.
  • Mamilo – 2 a 4 meses.
  • Glande do pênis – 3 a 9 meses.
  • Umbigo – até 9 meses.

Queloides

Outra complicação comum dos piercings é a formação de queloides, que são cicatrizes hipertrofiadas, que podem ocorrer após processos inflamatórios exuberantes.

O queloide pode ser grande, deformante e pode ocorrer em qualquer ponto do corpo onde haja uma reação ao piercing.


                                                                                                                                                        Queloide na orelha


Outras complicações

Outras complicações do piercing que podem acontecer são:

  • Alergia ao metal (aço cirúrgico, ouro 14K e titânio são os melhores metais para evitar alergias).
  • Intensa dor local.
  • Aspiração do piercing pelos pulmões.
  • Infecção por hepatite B, hepatite C ou HIV.
  • Infecções gengivais.
  • Parafimose, nos casos de colocação de piercings no pênis.


Conclusão:


Procure informações sobre a localização antes de colocar um piercing. A implantação de qualquer objeto rompendo a barreira da pele deve ser considerada um procedimento cirúrgico e, portanto, deve seguir padrões sensatos de esterilidade. Complicações graves são raras, mas podem ser fatais ou causar lesões deformantes.

Se você tem um histórico de cicatrizes quelóides, consulte um dermatologista primeiro.

Referências

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