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Segunda, 23 de dezembro de 2024

Liberado sem confirmar identidade, pistoleiro do PCC rompeu tornozeleira e 'sumiu' no mesmo dia

Policiais lamentam 'vacilo' que deve prejudicar investigação de execução com fuzil em Campo Grande

22 de out 2022 - 08h:39 Créditos: MIDIAMAX
Crédito: REPRODUÇÃO

A Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) informou no processo que Eduardo Ferreira da Silva, de 38 anos, um dos envolvidos no assassinato de Rodrigo de Mendonça Rosa, de 30 anos, no Bairro Nova Lima, no último dia 10, rompeu a tornozeleira eletrônica no mesmo dia em que foi posto em liberdade em audiência de custódia.

Membro do PCC (Primeiro Comando da Capital), Eduardo teria vindo de outro estado para cometer o crime a mando dos líderes da facção.

Segundo consta o suspeito cometeu a violação de “rompimento da tornozeleira em 11 de outubro às 19h”. Foram feitas diversas tentativas de contato com ele, sem sucesso.

Policiais ouvidos pela reportagem afirmam que estranharam a decisão, já que o suspeito foi preso por acaso logo após a execução, num golpe de sorte para a polícia, que agora acabou revertido.

Como o caso envolve uma execução em plena luz do dia, em local público, com uso de armamentos de alto poder destrutivo, os servidores da segurança pública acreditam que faltou zelo na decisão da custódia.

"Num caso que envolve PCC, morte com fuzil, não dá para simplesmente olhar a papelada e decidir. Papel aceita tudo. Neste caso, mais uma vez, a leniência comum nas decisões das audiências de custódia acabou ajudando muito uma facção criminosa. Imagina quando vamos achar este pistoleiro novamente. Já deve estar longe, rindo da cara da segurança pública em Mato Grosso do Sul", lamenta.

O acusado de romper o monitoramento seria o motorista da caminhonete que conduzia um dos executores de Anderson.

Na custódia, o juiz Francisco Vieira de Andrade Neto decidiu pela liberdade provisória com medidas cautelares, já que Eduardo tinha residência fixa, trabalho e não tinha antecedentes criminais. Eduardo estava proibido de manter contato com os outros acusados do crime e da viúva da vítima

Também foi determinado o recolhimento domiciliar entre as 20 horas de um dia e as 6 horas do dia seguinte, além a monitoração eletrônica pelo prazo de 6 meses. 

No dia 13 foi juntado aos autos documento de que Eduardo não havia sido achado e nem ido colocar a tornozeleira eletrônica que a Justiça havia determinado. Já no dia 17, cerca de 40 minutos após a colocação do equipamento, Eduardo rompeu a tornozeleira o que logo foi percebido pelo sistema de monitoração e informado ao judiciário.

Segundo uma testemunha, o motorista da caminhonete Ford Ranger preta seria o mesmo da Ford Ranger branca, encontrada incendiada no anel viário entre as saídas de Cuiabá e Rochedinho, próximo ao bairro onde o crime ocorreu.

Ligação com facções

Depoimentos prestados durante as investigações do assassinato de Rodrigo, apontaram que o crime teria ocorrido devido a um suposto envolvimento com facção rival do PCC (Primeiro Comando da Capital), o CV (Comando Vermelho). 

Depoimentos ainda revelaram que a vítima estaria recebendo ameaças constantes de integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), que estariam desconfiando que ele pudesse ser faccionado ao CV (Comando Vermelho), facção rival. Entretanto, familiares e amigos negaram que ele fizesse parte de qualquer um dos dois.

Assassinato na saída de bingo

A investigação ainda aponta que dois ocupantes da Ranger branca teriam chegado ao bingo e, apesar de terem comprado as cartelas, pareciam “cuidar” a vítima e tampouco fingiam que estavam marcando os números. Eles teriam ficado no local por cerca de 30 minutos e se aproximado da caminhonete falando ao celular. Em seguida, saíram do local.

Após cerca de 10 minutos, eles teriam retornado, parado próximo à conveniência, mas permanecido no carro. Nesse momento, um terceiro rapaz teria chegado ao local e alegado que iria ver a motocicleta. Ele teria combinado com a vítima de irem até à casa de um amigo, onde estava a moto que Rodrigo iria vender.

O homem, então, saiu com a motocicleta para testá-la e Rodrigo iria receber um Pix de suposto interno da PED (Penitenciária Estadual de Dourados) no valor combinado após fechar negócio. Rodrigo ainda teria feito uma videochamada mostrando ao interno o “comprador” pilotando a motocicleta.

Rodrigo ainda teria pedido para, antes de entregar a moto, dar uma última volta, e logo depois teria entregue o veículo para o rapaz. Ele deu outra volta e estacionou a moto em frente à casa, tendo a Ford Ranger preta parado logo atrás. Em seguida, o passageiro da camionete desembarcou e começou a disparar contra Rodrigo. A esposa da vítima ainda teria pedido ajuda ao suposto comprador para salvar a vida do marido, mas o homem também disparou, contra a cabeça de Rodrigo, quando ele já estava ferido ao solo. Em seguida, os três autores fugiram na Ranger preta, e após a morte da vítima, outros indivíduos apareceram novamente pelo local, passando duas vezes na Ranger branca, provavelmente para conferir se ele havia morrido.

Caminhonete incendiada

Uma Ford Ranger foi encontrada incendiada no macroanel de Campo Grande, entre as saídas de Cuiabá e Rochedinho, ainda na manhã dessa segunda. Grande, entre as saídas de Cuiabá e Rochedinho, na manhã desta segunda-feira (10). A Polícia Civil investiga se o veículo poderia ter sido usado na fuga de outros dois criminosos, suspeitos do homicídio de Rodrigo.

caminhonete tem as mesmas características da descrita por testemunhas que presenciaram o assassinato de Rodrigo - sem placas e modelo Ford Ranger. Segundo o delegado Gabriel Desterro, plantonista da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro, a caminhonete foi abandonada no local e queimada. 

Ainda conforme o delegado, o veículo estava em uma 'estrada cabriteira' e possivelmente foi escolhida pelos suspeitos por ser uma rodovia estadual não monitorada - a Rodovia Ricardo Trad. A Ford Ranger passa por perícia ainda nesta manhã e será levada para o pátio da Defurv (Delegacia Especializada em Roubo e Furto de Veículos).

A polícia também apura o suposto envolvimento da vítima com tráfico de drogas ou armas, mas segundo o delegado, são necessários mais elementos comprobatório.

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