Agora é oficial, a Câmara dos Deputados e o Senado, na última sessão do ano, ontem, ampliaram a verba do fundo eleitoral, o conhecido Fundão, para as campanhas eleitoriais de 2022, de R$ 2,1 bilhões para R$ 4,934 bilhões.
Embora o já avançado montante, aprovado inicialmente pela CMO (Comissão Mista do Orçamento), colegiado formado por senadores e deputados federais, os parlamentares tinham autorizado, semana passada, o ajuste do Fundão para R$ 5,7 bilhão.
Ou seja, com os reparos de ontem, o fundo eleitoral foi reduzido em R$ 800 milhões.
Depois da CMO, o assunto foi votado pela Câmara. Até o encerramento da edição, a votação seguia no Senado, mas com a aprovação encaminhada.
Para o deputado federal Dagoberto Nogueira, do PDT de Mato Grosso do Sul, que disse ter votado pelo aumento do Fundão pela democracia brasileira, “sem o Fundo Eleitoral não existe disputa justa'.
“Hoje somos 140 progressistas de 530 deputados. A disputa para a classe trabalhadora é desigual e só é possível melhorar esse cenário com igualdade de condições para as eleições e isso só pode ser feito através do Fundo Eleitoral.'
'Gostaria que todos que votaram contrários abrissem mão de utilizar o mesmo nas eleições', desafiou o parlamentar pedetista.
Antes da criação do Fundão, em 2017, as campanhas eleitorais eram, segundo pesquisas, 70% custeadas por empresas.
O fundo, dinheiro que saiu do bolso dos contribuinte, surgiu com a intenção de afastar as fraudes na captação de recursos.
Senadora Soraya Thronicke, do PSL, que também votou favorável ao reajuste do Fundão, disse que “sempre fui contra o aumento do fundo eleitoral, mas considero que ele é fundamental para a defesa da democracia brasileira neste momento crítico que vivemos'.
O partido dela, que se unirá ao DEM para formar o União Brasil, terá a maior fatia no Fundão.
Thronicke afirmou, ainda: “entendo que a radicalização, a polarização e o financiamento sujo de campanhas eleitorais são ameaças reais ao Estado Democrático de Direito.'
'As caixas e caixas de dinheiro apreendidas pela Polícia Federal são a imagem viva de que o mensalão, o petrolão e tantos outros esquemas retroalimentam a corrupção com dinheiro sujo'.
O Correio do Estado tentou ouvir por seguidas vezes a opinião acerca do assunto da senadora do MDB, Simone Tebet, mas não conseguiu.
Semana passada, no dia da votação do Congresso, que aprovou o reajuste, ela não participou da sessão, segundo a assessoria. Ela estaria viajando. Ontem, nova insistida, mas a senadora não respondeu.
“O financiamento público de campanha é criticado agora, porque estamos em um momento em que é preciso recursos em outras áreas, mas ele ainda é uma alternativa melhor ao financiamento privado, que tornou possível esquemas como o Petrolão', disse o senador Nelsinho Trad (PSD).
O reajuste do Fundão tem sido debatido no Congresso desde julho, período que alguns parlamentares passaram a discordar da ideia, outros, não.
Fábio Trad, deputado federal de MS pelo PSD, enxergava o plano com discórdia.
Por meio das redes sociais, o parlamentar já bradava: “embora seja favorável ao financiamento público, não é justo triplicar o fundo eleitoral em um país com quase 530 mil [hoje em torno de 620 mil] mortos na pandemia.'
'33 milhões de pessoas subutilizadas em um contexto sombrio de crise social e econômica. Não é justo. Voto contra [aumento].'