Entrevistado da semana pelo Canal Livre, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, defendeu a ideia de uma moeda única entre o país que governa e o Brasil. Para ele, a concretização do plano “só depende” das autoridades brasileiras. Neste domingo (22), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o líder vizinho lançaram uma nota sobre o tema.
“Temos falado muito com Lula sobre isso. E o Haddad fala muito disso. E nos parece que seria um enorme passo. Porém, sendo franco, a definição para que haja uma moeda única depende, basicamente, do Brasil, como o euro dependeu da Alemanha”, disse Fernández. “Claro que seria muito bom para o intercâmbio comercial ter uma moeda única como referência para a região. Seria incrível”, continuou.
O Canal Livre vai ao ar a partir das 20h, no BandNews TV. Às 23h30, o programa será transmitido na tela da Band. A entrevista, realizada em Buenos Aires, cerca de 20 km da Casa Rosada (sede do governo), contou com a participação dos jornalistas Fernando Mitre, André Basbaum e Sérgio Gabriel.
Moeda para negócios
As discussões preliminares, inclusive com a participação do ministro Fernando Haddad (Fazenda) com o ministro da Economia da Argentina, destacam que a moeda deve ser usada como referencial para negócios. Nas outras transações, cada país manteria os próprios modelos monetários.
“Seria como um tipo de unidade de referência, de câmbio. São alternativas. Falamos com Lula da moeda única, e eu o vi com muito entusiasmo, mas tive que ser franco e dizer que é uma decisão mais dele do que minha. Eu já aceitei tomar a decisão, que o acompanho. O que se criou é que Brasil e Argentina, que possuem um grande intercâmbio comercial, precisam ter um mecanismo que equilibre o câmbio de moedas de uma maneira mais lento do que vem sendo feito”, analisou o presidente argentino.
Reaproximação do Brasil com Argentina
Com a reaproximação do governo brasileiro com a Argentina, desgastada nos últimos anos sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Fernández acredita que as negociações sobre a meda única acontecerão de forma mais cotidiana. Ele citou reuniões semestrais entre as equipes econômicas.
“Falta, agora, fazermos cotidianamente. Temos que fazer semestralmente. É algo que já conversei com Lula, e o nosso ministro da economia conversou com Haddad. Pode ser o primeiro passo em direção à ideia de moeda única”, pontuou Fernández.
Aliança na América do Sul
Na noite de hoje, Lula desembarca em Buenos Aires, capital argentina, para o primeiro compromisso internacional dele como presidente do Brasil neste mandato. A nota divulgada pelo governo sobre a cooperação dos dois países, além das questões sobre a “moeda comum”, ressaltou uma aliança estratégica entre as nações da América do Sul.
Segundo os chefes de Estado, os países pretendem “superar barreiras das trocas, simplificar e modernizar regras e incentivar o uso de moedas locais”. A ideia da moeda entre Brasil e Argentina é utilizá-la para fluxos financeiros, comerciais, “reduzindo os custos de operação e diminuindo a nossa vulnerabilidade externa”.