Após alguns dias com queda e até mesmo zerar o número de focos de incêndios no Pantanal, o bioma volta a arder em chamas. Nesta segunda-feira (22), a alta nas temperaturas e a baixa umidade relativa do ar intensificaram o fogo na região de Corumbá (MS). Bombeiros utilizam aviões e helicópteros no combate.
Brigadistas do PrevFogo, órgão vinculado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), durante combate às chamas na região do Rabicho, área que voltou a ser consumida pelo fogo desde o último sábado (20).
Corumbá, que concentra cerca de 88% dos focos de incêndios ativos no Pantanal, está sob alerta laranja, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Na cidade, a umidade relativa do ar deve variar entre 20 e 12% ao longo desta semana, o que pode intensificar os incêndios florestais.
Ao todo, nesta segunda, 61 focos de incêndios estão ativos na região do Pantanal. Corumbá tem 55 pontos de calor, seguido por Poconé, no Mato Grosso, com 4, e Porto Murtinho, também na área pantaneira de Mato Grosso do Sul, com 2 focos ativos. Os dados são do programa BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Combate ao fogo
O fogo consome o bioma há mais de três meses. Mais de 794 mil hectares foram destruídos, o que deixa um rastro de devastação ambiental e morte de animais. Para se ter uma dimensão, a área completamente destruída representa um pouco mais de 5% de todo o território pantaneiro.
Segundo boletim diário da "Operação Pantanal", cinco pontos específicos são monitorados pelo Corpo de Bombeiros. Militares estão em campo no controle ao fogo nas seguintes áreas:
- Região Rabicho: próxima ao Rio Paraguai, foram feitos aceiros em uma fazenda. Os combates em solo são feitos na área da Marinha do Brasil;
- Porto da Manga: na região, o fogo se estende em uma linha de aproximadamente 4 km. Devido à gravidade do incêndio, os bombeiros fazem intervenção para acompanhamento e ações de combate;
- Região dos Paiaguás: ao nordeste do Pantanal Sul-mato-grossense, na região do Paiaguás, mantém-se o combate a focos de incêndios ativos. As áreas afetadas estão sob vigilância constante;
- Maracangalha: no fim de semana, equipes foram ao local para reconhecer possíveis pontos para combate ao fogo. Entretanto, devido à dificuldade de acesso por via terrestre, foi possível realizar apenas o mapeamento dos focos de calor com o auxílio do drone. A região é monitorada, já que há a possibilidade do ressurgimento do fogo;
- Nhecolândia: os focos foram controlados. Porém, bombeiros estão em atenção para possíveis reativações do fogo.
Retorno do fogo e emergência climática
O retorno do fogo na região já era esperado pelos especialistas. Mesmo com dias em que os incêndios foram zerados, o PrevFogo se demostrou cauteloso quanto à declaração de "fogo extinto". O protocolo do órgão previa 10 dias sem fogo, o que não chegou a ocorrer no Pantanal de Mato Grosso do Sul.
A preocupação dos brigadistas é exatamente com o fogo subterrâneo, chamada de turfa e característica no solo do Pantanal. A matéria orgânica é resultante da decomposição da vegetação que se acumula no solo e pode alcançar vários metros de profundidade, tornando-se altamente inflamável.
O monitoramento por todo o bioma segue por meio dos brigadistas do PrevFogo, Corpo de Bombeiros, Exército e militares enviados pela Força Nacional.
Mais de 500 profissionais, entre brigadistas do Ibama, ICMbio, PrevFogo, Força Nacional e Forças Armadas e militares do Corpo de Bombeiros, atuam de forma sistêmica para combater as chamas no bioma.
Ao todo 11 aeronaves são usadas no combate ao fogo, incluindo Air Tractors, helicópteros e o cargueiro KC-390. A estrutura ainda conta com 39 veículos, entre caminhonetes, caminhões e lanchas. Lembrando que a estrutura é usada de acordo com a demanda diária.
Algumas cidades de Mato Grosso do Sul seguem em situação de emergência, após decreto do governo estadual.