Um primeiro semestre tranquilo, calmo e até comemorado pelas autoridades diante da queda do número de vítimas de feminicídio em Mato Grosso do Sul. E fazia muito sentido, pois conforme registrados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), foram 24 crimes contras as mulheres no ano passado contra 10 neste primeiro pedaço de 2023.
Porém, as luzes voltam a se acender e deixam as autoridades em alerta com o 'boom' de casos registrados no início deste segundo semestre. O mês de julho já teve quatro feminicídios e todos com requintes de crueldade cometidos pelos atuais maridos e ex-companheiros.
E curiosamente, esse registro supera a quantidade de casos no mês de julho do ano passado: 4 contra 2. Naquele ano, Mato Grosso do Sul registrou o recorde de mortes de mulheres com 42 feminicídios - atualmente, o Estado conta com 14.
O segundo semestre abriu com um caso bastante cruel no Parque do Lageado. Natali Gabrieli da Silva de Souza, de 18 anos, foi esfaqueada mais de 15 vezes pelo marido Cleber Correa Gomes, de 30 anos, nas primeiras horas do dia 1° de julho. Antes de ser esfaqueada até a morte, ela foi atingida por uma garrafa na cabeça e saiu correndo pela rua Leopoldina de Queirós Maia, quando foi alcançada pelo assassino.
A Perícia Científica encontrou cacos de vidro e marcas de sangue na cozinha da residência. Cleber tentou se esconder na casa da irmã após cometer o crime, mas foi encontrado por investigadores do GOI (Grupo de Operações e Investigações), onde foi preso em flagrante.
No segundo caso do mês, a paraguaia Rocio Jazmin Espindola, 29 anos, foi assassinada em Naviraí - a 352 quilômetros de Campo Grande. Ela foi encontrada morta na madrugada do dia 9 de julho, em uma residência e o corpo dela estava parcialmente carbonizado, apresentando lesões profundas na região da cabeça. A vítima foi assassinada pelo namorado, que também foi preso.
Ao ser questionado sobre os fatos, o suspeito confessou e deu detalhes de como orquestrou o crime. Ele alegou que agiu por ciúmes, esclarecendo que durante uma briga arrastou sua companheira até uma casa abandonada onde desferiu diversos golpes de lajota contra a cabeça dela, depois foi até a residência do casal, pegou um litro de gasolina que tinha guardado e retornou onde a vítima estava e ateou fogo no corpo dela. Por fim, disse que assim agiu porque estava com muita raiva dela.
Segundo o médico legista que realizou o exame necroscópico, a vítima ainda estava viva quando seu corpo foi incendiado. Sendo assim, a morte se deu por queimadura das vias aéreas e asfixia térmica.
Mortes em Amambai e Anastácio 'em sequência'
Na madrugada de sexta-feira, dia 21 de julho, Zenilda Freitas, 43 anos, foi encontrada morta na Aldeia Limão Verde, em Amambai. O marido da vítima é suspeito pelo crime. Lideranças da aldeia acionaram a Polícia Civil dando conta do crime, cujo suspeito é Ireno Ledesma, de 48 anos.
No local, a equipe policial constatou o fato e Ireno foi autuado por feminicídio. No entanto, ainda não há detalhes sobre como ocorreu a morte. Um adolescente que possuía um mandado de busca e apreensão foi apreendido. Até ao momento, não há provas que liguem o rapaz ao crime.
A última morte de mulher registrada em Mato Grosso do Sul foi de Adriana Pereira, de 36 anos, em Anastácio - a 145 quilômetros de Campo Grande. Ela foi assassinada na tarde de domingo, dia 23 de julho, com vários tiros pelo ex-companheiro identificado como Júlio César Miranda, atualmente foragido.
Ele chegou no bar onde a vítima trabalhava, que era da propriedade dos pais, e atirou pelo menos cinco vezes, acertando quatro no pulmão e um na cabeça, tudo isso na frente da filha, de 9 anos, que era fruto do relacionamento entre eles.