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Quinta, 21 de novembro de 2024

Quando os efeitos da fumaça exigem a busca por atendimento médico?

Inalação constante gerar quadros graves de intoxicação por monóxido de carbono, doenças infecciosas como pneumonia e sinusite, coma e até morte.

24 de set 2024 - 16h:28 Créditos: G1
Crédito: Moradores usam máscara para se protegerem da fumaça em Ribeirão Preto, SP — Foto: Reprodução/EPTV

Se antes tosse persistente, coriza e garganta irritada eram sintomas associados a uma gripe ou um resfriado, agora podem estar diretamente ligados à crise climática.

De acordo com os pneumologistas, a exposição constante à fumaça pode causar diversos problemas de saúde e é preciso ficar atento para o momento de se buscar ajuda médica.

Suzianne Lima, pneumologista e membro da Comissão Científica de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), explica que a fumaça vinda das queimadas está repleta de partículas minúsculas, o chamado material particulado.

"Essa fumaça tóxica, quando atinge as pessoas, causa vários sintomas, a depender do tipo de material contido na fumaça, da quantidade e tempo de exposição", analisa a médica.

Essa mistura tóxica inclui, principalmente, os seguintes compostos:

  • Material particulado (PM2.5)
  • Monóxido de carbono (CO)
  • Compostos Orgânicos Voláteis (COVs)
  • Óxidos de nitrogênio (NOx) e ozônio
  • Metais pesados

Por causa do tamanho reduzido dessas partículas, elas são facilmente inaladas e podem penetrar profundamente nos pulmões.

Apesar de alguns sintomas poderem ser tratados em casa, com soro fisiológico e hidratação, outros podem indicar um maior comprometimento do sistema respiratório e exigem cuidados médicos.

Sintomas e sinais de alerta

De acordo com os especialistas, os sintomas podem ser divididos em duas categorias: sintomas iniciais e sintomas graves.

Andre Nathan, pneumologista do Hospital Sírio-Libanês, comenta que os sintomas mais comuns provocados pela exposição à fumaça são queixas respiratórias leves e incômodo na área dos olhos e garganta.

Os sintomas iniciais, e mais leves, incluem:

  • Falta de ar
  • Cansaço
  • Acúmulo de secreção
  • Irritação na garganta, olhos e narinas
  • Tosse persistente
  • Alergia na pele

"Quando são inaladas grandes quantidades de fumaça tóxica, ela pode atingir os alvéolos, prejudicando as trocas gasosas e dificultando com que o oxigênio chegue nos tecidos", explica a pneumologista Suzianne Lima.

Nesse contexto de inalação constante de poluição e fumaça, os sintomas podem se tornar mais graves, elevando o alerta para a necessidade de busca por atendimento médico.

Entre os sintomas graves estão:

  • Dores de cabeça
  • Náuseas
  • Confusão mental
  • Dificuldade intensa para respirar
  • Crises de chiado no peito

Esses sintomas podem se desenvolver para quadros graves de intoxicação por monóxido de carbono, doenças infecciosas como pneumonia e sinusite, coma e até morte.

"Deve-se procurar atendimento médico caso os sintomas se agravem, especialmente se houver dificuldade severa para respirar, tosse persistente ou suspeita de complicações para infecções respiratórias", alerta Nathan.

O Ministério da Saúde recomenda que, na ocorrência de náusea, vômito, falta de ar constante, tontura, confusão mental ou dores de cabeça muito intensas, é indicada a busca por atendimento médico.

Suzianne ainda lembra que o material particulado presente na fumaça tóxica pode continuar agindo por um longo período no organismo, principalmente quando há exposição crônica.

"No decorrer do tempo, pode causar alguns tipos de câncer, como de pulmão e leucemia, além de doenças respiratórias, como enfisema e asma", detalha.


Cuidados para o grupo de risco

Os especialistas ainda alertam que, no caso das pessoas que fazem parte do grupo de risco, os cuidados devem ser redobrados.

Crianças, gestantes, idosos, pessoas com comorbidades e aqueles que já sofrem de problemas respiratórios são os mais vulneráveis à exposição.

De acordo com Andre Nathan, os sintomas em geral são semelhantes, mas tendem a ser mais intensos em pessoas com doenças respiratórias crônicas ou em pessoas com doenças cardíacas.

"Esses grupos correm maior risco de complicações graves, como infarto ou arritmias, devido à inflamação sistêmica. Nesses casos, a busca por atendimento deve ser mais rápida, ao surgirem os primeiros sinais de piora", recomenda o pneumologista.

Entre as recomendações para o grupo de risco, os pneumologistas listam algumas medidas que podem ser tomadas para minimizar os efeitos da fumaça:

  • Manter o tratamento regular com bombinhas de inalação no caso de pacientes com rinite alérgica e com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC);
  • Evitar locais com grande concentração de fumaça;
  • Utilizar de umidificadores, toalhas molhadas e bacias com água para melhorar a qualidade do ar dentro de casa.

Medidas de prevenção

Em relação à população geral, os especialistas e o Ministério da Saúde fazem algumas recomendações que podem amenizar as consequências nocivas da exposição constante à poluição.

As medidas, que também servem como prevenção para o agravo dos sintomas incluem:

  • Aumentar a ingestão de água e líquidos ajuda a manter as membranas respiratórias úmidas e, assim, mais protegidas.
  • Reduzir ao máximo o tempo de exposição, recomendando-se que se permaneça dentro de casa, em local ventilado, com ar-condicionado ou purificadores de ar.
  • As portas e as janelas devem permanecer fechadas durante os horários com elevadas concentrações de partículas, para reduzir a penetração da poluição externa.
  • Evitar atividades físicas em horários de elevadas concentrações de poluentes do ar, e entre 12 e 16 horas, quando as concentrações de ozônio são mais elevadas.
  • Usar máscaras do tipo “cirúrgica”, pano, lenços ou bandanas para reduzir a exposição às partículas grossas, especialmente para populações que residem próximas à fonte de emissão (focos de queimadas) e, portanto, melhorar o desconforto das vias aéreas superiores. O uso de máscaras de modelos respiradores tipo N95, PFF2 ou P100 são adequadas para reduzir a inalação de partículas finas por toda a população.

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