Sem os dois maiores shoppings de importados, o comércio volta a funcionar nesta segunda-feira (25) em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia vizinha de Ponta Porã (MS), a 33 km de Campo Grande. A reabertura, autorizada pelo governo federal na segunda etapa da chamada “quarentena inteligente”, ocorre 55 dias após o Paraguai fechar lojas e fronteiras por causa da pandemia do novo coronavírus.
Entre as maiores lojas de Pedro Juan Caballero, só o Studio Center volta a funcionar hoje. O Shopping China e o Planet Outlet, os dois grandes centros de importados pertencentes ao grupo Cogorno, vão continuar fechados.
O diretor do grupo, Felipe Cogorno Alvarez, disse que os shoppings só serão reabertos após a pandemia de covid-19. Pesaram para a decisão o dólar alto no Brasil e a fronteira fechada. Pelo menos 99% dos clientes dos dois maiores centros de importados da cidade são brasileiros que cruzam a Linha Internacional com Ponta Porã, onde barreiras das forças armadas paraguaias e cerca de arame farpado impedem a passagem dos estrangeiros.
Ao Campo Grande News, o presidente da Câmara de Comércio da cidade, Victor Barreto, disse que mesmo sem os clientes brasileiros, a reabertura é esperança de retomar minimamente os negócios para ao menos pagar despesas mínimas. “O comerciante já pode ir na loja, trabalhar, montar uma estratégia para sobreviver”, afirmou o empresário.
Para Victor Barreto, a antecipação da reabertura dos shoppings sem funcionamento das praças de alimentação só deve surtir efeito na capital Asunción, onde a população é maior e garante o faturamento. “Com a fronteira fechada e dólar muito alto, não vai compensar abrir. Na capital, a população tem economia mais estável, há muitos funcionários públicos, que continuam recebendo normalmente e têm dinheiro para gastar”, afirmou.
Desemprego – Mesmo com a reabertura, a pandemia e o dólar alto no mercado brasileiro ameaçam a sobrevivência de pelo menos cinco mil empresas de Pedro Juan Caballero. Dos 40 mil trabalhadores formais e informais que dependem diretamente dos turistas brasileiros, boa parte já foi demitida, segundo projeções de comerciantes locais. Só no Shopping China, são pelo menos três mil trabalhadores que tiveram o contrato de trabalho encerrado nas últimas semanas.