
A jovem Tayane Caldas, que teve o rosto tatuado pelo ex, vai passar por um procedimento para remover a tatuagem. Com a repercussão do caso, ela tem recebido apoio pela web e também conseguiu atendimento com psicóloga e uma advogada especialista em violência de gênero para acompanhar o caso.
“Estamos surpresos com as mensagens de carinho e tantas pessoas tentando ajudar. O mais importante que é tirar isso do rosto dela nós conseguimos, estamos acertando os detalhes ainda, mas nem temos palavras para agradecer a generosidade das pessoas”, diz Débora Velloso, mãe de Tayane.
A jovem recebeu várias mensagens oferecendo ajuda, mas ainda não escolheu com qual profissional irá fazer a remoção da tatuagem.
Tayane afirma que foi sequestrada, mantida em cárcere privado e teve o rosto tatuado à força pelo ex-namorado, Gabriel Coelho, que não aceitava o fim do relacionamento. Após as agressões, ela conseguiu fugir e pedir a ajuda da mãe, que acionou a polícia.
Gabriel foi preso por lesão corporal, descumprimento da medida protetiva, mas segundo a polícia pode responder a outros crimes, como tortura. O g1 tenta localizar a defesa de Gabriel desde o sábado, mas nenhum advogado do jovem foi encontrado para falar sobre o assunto.
Segundo vítima, em outros episódios de agressão, o ex ainda tatuou o nome dele em seu seio e virilha, como forma de, segundo Tayane, “marcar como propriedade”. As tatuagens já tinham sido motivo do pedido de uma protetiva contra ele, que foi descumprida no crime deste fim de semana.
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Após a repercussão do caso, a família da jovem passou a receber contatos de influenciadores, médicos, clínicas e tatuadores que ofereceram ajuda para retirar as tatuagens no corpo de Tayane. Entre eles, o influenciador Peter Jordan, que tem mais de 500 mil seguidores no Twitter. Pelas redes sociais, muitos profissionais se uniram em campanha pela jovem.
De acordo com a mãe, um profissional ofereceu apoio financeiro para custear a remoção da tatuagem com técnica de laser. Ainda não há data para a remoção.
Além disso, ela recebeu ajuda de uma psicóloga que vai passar a acompanhá-la no tratamento e recuperação após a violência e uma advogada especialista em crimes de gênero que vai atuar no caso.
“Nós estamos sentindo muita dor por tudo que aconteceu e ter com quem contar tem sido importante. Ela vai ter profissionais para apoiar nesse momento. A minha filha quer retomar a vida dela”, comentou Débora.
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Como aconteceu
Tayane contou que saía de casa na sexta-feira (20) para ir a um curso, quando ele a abordou e obrigou que seguisse em seu carro com ele. Ela foi levada até a casa de Gabriel, onde passou por uma sessão de tortura, com agressões e ofensas.
Em um momento das agressões, Gabriel disse que faria uma terceira tatuagem nela com seu nome, mas agora no rosto - ela já tinha duas outras com o nome dele, uma no seio e outra na virilha.
Devido à medida protetiva contra Gabriel, a mãe acompanhava a rotina da filha, que não saía sozinha de casa, com medo de que fosse pega pelo ex.
No sábado (21), a jovem voltou para casa e foi acolhida pela mãe com hematomas e a tatuagem cobrindo a lateral do rosto com o nome do ex-namorado. A mãe procurou a polícia e ele foi preso por descumprimento de medida protetiva que a jovem tem contra ele.
A vítima contou que eles se conhecem há seis anos e começaram a namorar há dois anos, quando ela tinha 16. Os primeiros meses do relacionamento começaram tranquilos, segundo Tayane, mas ao longo do primeiro ano ele passou a ter comportamentos possessivos, até que começaram as agressões.
Após reatarem, eles foram morar juntos, quando Tayane passou a ser vítima de constantes agressões, teve o seio e a virilha tatuada com o nome do jovem e só conseguiu sair de casa fugida.
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Versão de Gabriel
Na delegacia, o agressor apresentou um vídeo em que Tayane dizia permitir a tatuagem e com isso alegou o consentimento da jovem. A versão é investigada pela polícia, já que a jovem conta que esteve sob ameaça e amarrada durante a gravação.
O caso foi encaminhado à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), que vai investigar. O agressor segue preso após passar por audiência de custódia.
Nesta terça-feira (24) a polícia disse que inicialmente, ele segue preso por descumprimento da medida protetiva que a vítima tinha e lesão corporal, mas que podem ser incluídos outros crimes como tortura e cárcere privado.
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Pai vai ser investigado
A Polícia Civil vai investigar a conduta do pai de Gabriel. A investigação quer saber se houve participação ativa dele no ato de levar a jovem até o local onde ela foi mantida em cárcere.
Segundo a jovem, foi o pai quem dirigiu o carro que a levou até a casa onde ela foi tatuada à força pelo ex, contra quem tinha uma medida protetiva.