
Em períodos de surtos de doenças causados por vírus, é importante manter a vacinação em dia, não só dos seres humanos como também dos animais. E é por isso que o Centro de Controle de Zoonoses de Dourados se mobiliza hoje para aplicação da vacina antirrábica em pelo menos três pontos da cidade.
A campanha de imunização, de acordo com Luís Carlos Júnior, médico veterinário e coordenador do Centro de Controle de Zoonoses (CCT) do município, faz parte do Programa Nacional de Imunizações desde 1976.
Segundo ele, a raiva, doença transmitida após contato com o vírus de animais de sangue quente, como cães, gatos e morcegos, por exemplo, leva a óbito cerca de 60 mil pessoas por ano em todo o mundo.
A raiva é uma doença que ataca o Sistema Nervoso Central do animal e pode ser contraída entre eles em caso de contato com outro animal positivo. Segundo o Manual de Diagnóstico Laboratorial da Raiva (2008), do Departamento de Vigilância Epidemiológica, ligado ao Ministério da Saúde, o diagnóstico para uma pessoa acometida pela mordida e contato de exposição com o animal infectado obedece a uma série de critérios profiláticos.
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o vírus dessa antropozoonose (doença animal que pode ser transmitida aos seres humanos) não é transmitido direta e necessariamente pela dentição do animal infectado, sendo possível pela saliva. Ainda de acordo com o Manual, a doença leva cerca de 100% dos casos de infecção a óbito.
Se caracterizado como um problema público de saúde, as Secretarias Municipais de Saúde, juntamente com os Núcleos de Vigilância Epidemiológica e orientados pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) realizam, anualmente, a imunização dos animais para o controle de surtos da raiva e óbitos causados por ela.
Estudos científicos apontam que alguns países em que se tem o controle da raiva canina e não existem morcegos que se alimentam de sangue, o vírus pode ser até mesmo transmitido por guaxinins e saguis.
No Brasil, a especulação é que o vírus tenha chegado juntamente com os europeus, a partir dos animais, principalmente cães, que os acompanharam.
Para o veterinário Luíz Carlos, mesmo uma arranhada do animal infectado pode levar à infecção. Como proceder aos casos de raiva? Quais os riscos humanos de não imunizar os animais?
Em entrevista para a equipe da redação, o coordenador esclareceu algumas dúvidas, que seguem transcritas na íntegra.
Quais os procedimentos iniciais para uma pessoa que foi acometida pelo contato com o animal infectado?
Primeiro, para o animal. Esse é um vírus que ataca o Sistema Nervoso Central. O cão ou gato pode ser infectado mais comumente por briga ou contato com alguma ferida ou lesão e contato com outro animal positivo. E quando uma desses animais positivos morde, lambe, arranha o homem, ele tem que faz imediatamente a lavagem com água e sabão e procurar atendimento médico. O recomendado é que mesmo que não tenha sinais clínicos, é recomendado a vacina pós-exposição, e o animal deve ser observado por um prazo de 10 (dez) dias. Caso esse animal apresente algum sintomas Nervoso Central, alguma incoordenação, ele tem que ser eutanaziado e o cérebro encaminhado para laboratório, para exame laboratorial em Campo Grande.
Para quais animais as vacinações são destinadas?
As vacinações são destinadas para cães e gatos a partir dos três meses de idade, alimentados. Quando nós recolhemos animais em condição de rua é feito um teste de Leishmaniose para esse animal ser apto à doação. Nós fazemos as vacinas nesses animais e em todos os outros demais que adentram as unidades e instalações do Centro de Controle de Zoonoses.
Quais riscos à comunidade em caso de um possível surto poderia surgir em caso da não vacinação?
Pelo fato de a raiva ser uma zoonose 100% letal quando não tratada e o humano vem a óbito, nós temos que fazer esse tipo de prevenção. Nós temos bons indicadores graças a essa imunização. Nós temos que atender uma meta de 56 mil animais cadastrados...estimativa do município...nós temos que vacinar ali normalmente uns80% para a gente conseguir um quantitativo imunológico.
Considerando que Dourados tem um número expressivo de animais em situação de rua, quais seriam as estratégias para que essa número seja removido?
Infelizmente, nós ainda não conseguimos trabalhar com o sistema de demanda. Nós não fazemos...antigamente chamava "carrocinha"...nós não saímos à procura de animais errantes, em situação de abandono. Nós pegamos primeiro os animais que são denunciados.
(Subtítulo) Expectativa para a vacinação
O três pontos da cidade que serão contemplados com a vacinação hoje serão Centro, Jardim Monte Líbano e Jardim Água Boa. A projeção esperada pelo coordenador do Centro de Controles de Zoonoses de Dourados ao fim do dia é de que pelo menos três mil animais tenham sido vacinados.
"Para isso, nós precisamos da contribuição da população. Como eu disse, a expectativa dos 56 mil cães e aproximadamente 15 mil gatos, nós temos que fazer um quantitativo de de 45 mil cães e em torno de 12 mil gatos. Essa é a nossa meta até o fim do ano", argumentou ele.
São apenas seis agentes agindo na campanha de vacinação, compondo três duplas.
As vacinações iniciaram às 8h00 e vai até 12h00 no Centro (Pet & You) e no Jardim Líbano Preço Bom da Ração. Já no Jardim Água Boa, a vacinação se estende até às 15h00.
Além da campanha móvel, as vacinações permanentes ocorrem, das 7h00 às 11h00 e das 13h00 ás 17h00, na rua Vicente Lara, 855, Jardim Guaicurus.