Ambiente tranquilo, sem filas intermináveis de carros e pessoas. Assim tem sido a 82ª Expogrande, no Parque de Exposições Laucídio Coelho. O evento, que começou dia 21 de julho e segue até 31 do mesmo mês, sem shows ou atrações para quem não é do agro, tem até passado despercebido.
Por volta das 9h deste sábado (23), quando a reportagem esteve no parque do Bairro Jockey Club apenas três estandes estavam funcionando. Em um deles, o vendedor afirmou que embora a feira já estivesse rolando há dois dias, a repórter era a primeira pessoa a visitar o espaço
Dois dos expositores afirmaram que investiram mais de R$ 10 mil para estar ali. Para eles, não é expecativa de melhora no movimento, como é o caso do gerente da TPARTS Autopeças, especializada em pick-ups e vans, Anderson Silva. “Se eu soubesse que ia ser assim, não tinha nem colocado estande. Não tem movimento, não tem atração para segurar as pessoas aqui. A Expogrande queimou. Está péssima”, disparou. Ainda de acordo com o expositor, para a montagem do espaço, a empresa gastou R$ 15 mil no total.
Para o gerente da Reserva Legal, Jóses Ulderico, o sentimento não tem sido diferente. “Nós precisamos de produtor rural. Não adianta vir uma família ver animais. Para nós, não tem valor nenhum”, conta. “Não recebi nenhuma visita desde que começou”, acrescentou. O investimento da empresa foi de pelo menos R$ 17 mil para participar da exposição
No caso dos animais, para este ano, estão programados três julgamentos de gado, da raça gir, girolando e nelore. Mas, não há previsão dos famosos leilões, que costumavam reunir muitos investidores e suas famílias, já que misturam negócios e diversão.
O médico veterinário e inspetor técnico da Associação Brasileira dos Criadores do girolando, Dagmar Rezende, explica que cinco criadores estão expondo essa raça, em específico: Família Sandim, Rodipa Agropecuária, Fernando Lemos, Thiago Lemos e 3 Irmãos. “Será feito o julgamento da raça. Nosso papel é fazer a conferência e admissão da raça girolando. O mercado é livre, o criador que traz os animais que vai decidir se coloca à venda ou não.”
Visitas
Do momento em que a equipe de reportagem chegou ao local, foi possível ver cerca de quatro famílias, de três a quatro pessoas cada.
Para o funcionário público Márcio Santos, de 52 anos, que estava com a filha e o sobrinho, a feira agropecuária está abandonada. “Ela [Expogrande] está totalmente abandonada. Tem pouca exposição, não tem shows para chamar as pessoas”, disse.
A auxiliar administrativo Ananda Marques, de 32 anos, foi com o marido e a filha ver os animais, concorda. “O que nos resta é visitar os animais. Não tem nada mais para fazer aqui. Não tem comida, boas exposições”, relata.
Outro lado
Na visão do presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Jonatan Pereira Barbosa, as expectativas são boas e a programação está dentro do esperado. “Minhas expectativas são boas. Nós estamos fazendo uma exposição fora de época , e dentro do esperado, tudo está sendo muito bem atendido. Nós sabemos que é um formato novo, estamos trabalhando dentro do possível e tudo está correndo bem. Foi programado que esse fim de semana seria a entrega dos animais”, destaca.