Crédito: Reprodução/Redes Sociais O candidato a deputado federal Franklin Schmalz, 27, do Psol em Mato Grosso do Sul, registrou na Polícia Civil e Ministério Público Estadual denúncia por injúria, incitação a violência, ameaça e LGBTfobia [crime de ódio]. O episódio fez com que o único candidato à Câmara dos Deputados de MS, assumidamente homossexual, recompusesse seu plano de segurança pessoal.
Da região de Dourados, segunda potência econômica de MS, defensor da temática "menos agro, mais veado" que, para ele nada mais é do que uma analogia pela proteção dos animais que habitam o Pantanal sul-mato-grossense, Franklin, formado em Relações Internacionais, mestre em Sociologia, disse que os ataques contra ele foram disparados pelas redes sociais.
Assim que lançou a candidatura, ele postou imagens vestido de camiseta com dizeres, além de "mais veado", "menos agro, mais agroecologia". Daí, passou a ser ofendido.
"Temos que fazer com esse cara igual faz com os queixada [porco silvestre] kkkk porva pra riba", diz um dos comentários surgidos no perfil do Instagran do candidato.
Noutros comentários, os internautas escreveram “morr* via**” e também “falta de coro num bosta desse. Isso daí é falta de laço”.
Franklin disse ao Correio do Estado que é "preciso defender o bioma" e ajeitar a narrativa de que "tudo no agro é bom economicamente".
Para o candidato, de nada adianta o território sul-mato-grossense conquistar o título de "celeiro da produção" se pessoas passam fome. Franklin afirmou ainda que que a grande produção do "agro", como lavouras e a pecuária "vão para o exterior", ou seja, a riqueza do segmento acaba não favorecendo as pessoas que aqui moram.
Franklin disse que a mãe e o padrastro sempre trabalharam em fazendas, portanto, ele "sabe o que fala".
Além de, se eleito, prometer defesa à fauna pantaneira, o candidato sustentou ser favorável à agricultura familiar.
Por meio de comunicado, o candidato a deputado federal afirmou que o termo “veado” objetiva evidenciar o protagonismo da comunidade LGBT na atuação política junto de outras pautas importantes como o meio ambiente.
“Não tenho problema com críticas, nem fujo de debates. Sou candidato a deputado federal justamente pra isso: dialogar, debater e disputar a opinião pública, mas não se pode tolerar discurso de ódio e ameaças".
Franklin afirmou ainda que quase que a maioria de seus críticos, os que dispararam ofensas contra ele seriam estudantes de cursos ligados ao agronegócio e de famílias que nem sequer tem um "pedaço de chão".
Ele pretende tocar sua campanha por força de vaquinha virtual, apoiadores voluntários e venda de camisetas com a estampa de seu mote: "menos agro, mais veado". Ele concorre com outros 159 candidatos a deputado federal. Já concorreu a um cargo eletivo, em 2020, a de vereador em Dourados, mas não conquistou o mandato.
Números
Levantamento da VoteLGBT+, uma organização não-governamental, a qual Franklin integra, que atua para aumentar a representatividade de pessoas LGBT+ na política, mapeou 214 pedidos de registros de candidaturas desse público nas eleições de 2022.
Publicação da CNN Brasil diz que a quantidade representa um aumento de 36% em relação às eleições de 2018. Quatro anos atrás, a ONG identificou 157 candidaturas LGBT+. Esta sigla, que norteou o levantamento, abrange lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros e outros grupos como assexuais e não-binários, por exemplo.
A maior parte dos candidatos LGBT+ tenta vaga de deputado estadual, com 121 registros, e deputado federal, com 81.
O PT e o PSOL são os partidos com mais candidaturas do tipo, com 49 e 81, respectivamente.
Quanto ao grau de instrução, 65 candidatos têm pós-graduação completa, e 52 têm o superior completo.
