Os barracões de compost barn chegaram para ficar! Mas afinal, quando ele deve ser considerado aí na sua propriedade?
Olá querido amigo, amiga. As coisas estão mudando mais rápido do que imaginávamos.
Eu tenho 35 anos e quando falávamos em anos 2000, achávamos que o mundo iria acabar ou então estaríamos andando com roupas prateadas em carros voadores. As roupas prateadas ainda não chegaram, mas vieram redes sociais, grupos de whatsapp, Ifood, EducaPoint, fotos de satélite, etc. Enfim, muita coisa chegou.
No leite não seria diferente. Os robôs, que eram uma enorme aposta, não emplacaram massivamente ainda, mas os barracões de compostagem chegaram e para ficar. A migração para eles foi grandiosa e além das maiores propriedades, agora vemos uma migração de produtores menores para esse sistema que às vezes promete maravilhas, às vezes não vale o investimento.
A primeira coisa que você deve se perguntar é: “Eu vou ficar na atividade?”. Me perdoe, mas se você é um desses discurseiros de balcão de cooperativa que fala que leite é sofrer, que tira um “leitinho”, amigo, continue seguindo sua vida e não parta para esse sistema. Se não, além do “leitinho”, você vai ter um boletinho para pagar todo final de mês e essa conta não é barata.
O questionamento de continuar ou não na atividade passa também pela sucessão. Você tem filhos, algum parente ou alguma pessoa de confiança que vá levar esse negócio adiante? A sucessão não precisa ser necessariamente um filho, ela pode ser a uma pessoa que se comprometa a continuar na atividade e remunerar os sócios. Tudo bem acordado pode dar muito certo.
Segunda coisa é o planejamento. Se você não sabe se seu negócio dá dinheiro hoje, infelizmente você não saberá quando tiver um barracão. Se você não sabe quantos partos estão previstos e qual o volume aproximado que vai tirar ao longo dos próximos meses, etc. Não invente!
Algo importante em qualquer atividade é a viabilidade econômica, que nada mais é do que o planejamento de investimento (imobilizado ou não) e seu retorno anual. Pare de fazer conta em cima do preço mensal do leite.
Feche os anos anteriores e, se tem informação, projete os anos a frente. Contrate alguém para fazer uma projeção. Com isso em mãos você não vai gastar nem 1 real se o retorno não for adequado. Isso inclui a conta de produção de volumoso e grãos (se possível) que você é capaz de produzir. Não deixe para fazer essas contas quando já estiver endividado.
Preparar o rebanho é a terceira parte. Um barracão vazio é como um hotel vazio, ou seja dinheiro parado numa construção e pouca remuneração do capital investido.
Então depois de entender a viabilidade e ponto de equilíbrio do seu negócio faça o plano de como povoar o barracão de forma de não fique apertado demais ou vazio demais. Faça contas reais de quantas novilhas vão parir ao longo dos meses para crescer seu rebanho. Previsão de partos, evolução de rebanho e tamanho da recria são pontos chave para equilibrar as contas.
Além disso, é importante buscar excelência no manejo, especialmente alimentar, mesmo antes de alojar os animais. Não adianta colocar animais sofridos, com DEL alto, com problemas crônicos e achar que em 3 meses tudo estará resolvido. As vacas demoram a se recuperar e mais do que isso, se seu tratador derrapa na montagem do vagão fora do barracão, por que ele acertaria dentro? E assim partimos para o quarto ponto.
Quarto ponto: preparar as pessoas e o sistema. Como mencionei acima, um tratador que não entende sua função, que erra na montagem das 524 dietas que você quer fazer, vai continuar errando, mas pior, porque ele vai errar com uma dieta mais cara. Um ordenhador que contamina vacas na ordenha vai continuar contaminando fora ou dentro do barracão. A vantagem é que as vacas chegam mais limpas, mas apenas isso. Pense em se preparar como gestor e preparar sua equipe.