Um casal foi preso acusado de praticar maus-tratos contra três irmãos adotados há cerca de um ano, em um caso que ganhou grande repercussão nacional após o vídeo do primeiro encontro entre eles viralizar nas redes sociais. A mulher, que chegou a se tornar influenciadora de maternidade, mostrava uma rotina idealizada nas plataformas — distante da realidade descoberta pelas autoridades.
A situação veio à tona após professores notarem hematomas e mudanças de comportamento no filho mais velho, de 10 anos. O alerta acionou o Conselho Tutelar, que confirmou sinais graves de violência. Segundo a Guarda Municipal, o menino era vítima de agressões sistemáticas, que incluíam fraturas, cortes, privação de sono e fome.
O guarda Nilton dos Santos relatou que a criança apresentava “hematomas muito fortes” e marcas compatíveis com “múltiplas fraturas”. Já o agente André Castelli afirmou que o casal demonstrou “frieza” e “nenhum sinal de preocupação” durante o atendimento.
Um dossiê produzido pela escola apontou ainda que o filho do meio, de 8 anos, também sofria maus-tratos, enquanto a irmã mais nova, de 5, presenciava toda a violência. Professores relataram diferenças no tratamento entre as crianças, inclusive em detalhes como lanches desiguais.
A psicóloga Paula Aprobato destacou que crianças adotadas costumam chegar às novas famílias com vulnerabilidades emocionais e que a violência sofrida pelos irmãos configura “revitimização”. O juiz Iberê Dias lembrou que processos de adoção incluem avaliação e acompanhamento familiar, e que a investigação — que corre em segredo de Justiça — deverá apurar eventuais falhas na fiscalização.
Após a prisão dos responsáveis, os três irmãos pediram para retornar ao abrigo onde viviam. A escola onde estudam garantiu bolsas de estudo para que eles continuem frequentando o mesmo ambiente. A diretora da instituição lamentou o caso e declarou: “Eu gostaria que eles voltassem com mais tranquilidade e que tenham a possibilidade de uma família real.”



