Preso desde domingo (23) com base na Lei Maria da Penha, o vereador de Fátima do Sul Diego Candido Batista (PSD), o “Diego Carcará', é acusado de submeter a mulher e os filhos a ambiente constante violência doméstica.
Pedido de afastamento - O presidente da Câmara de Fátima do Sul, Ermeson Cléber Mendes (PDT), informou a reportagem que o Edil fez pedido de afastamento de 30 dias, para tratar de assuntos de interesse particular, e teve a solicitação deferida na tarde de terça-feira (25). Veja no fim da matéria o pedido na íntegra.
A Câmara Municipal está em recesso até dia 31 de janeiro. Caso convoque suplente, assumiria o cargo a professora e ex-diretora da Escola Jonas Belarmino no Distrito de Culturama, Maria Lucélia de Figueiredo Gomes, que obteve 254 votos.
Violência - Agredida no rosto com chineladas ao defender a filha de 12 anos, a mulher de Diego narrou em depoimento à polícia as agressões e ameaças que vinha sofrendo do marido. O exame de corpo de delito feito no dia da prisão constatou sangramento no tímpano, provocado pelos golpes de chinelo. A filha dela também foi agredida a chineladas pelo vereador.
Segundo a mulher, o marido a impedia até de ter acesso a dinheiro, às contas bancárias e aos documentos pessoais e de veículos. Além de ameaças, tapas e empurrões – mais frequentes nos últimos meses – a mulher contou que Diego dizia que se ela não fosse dele não seria de mais ninguém.
Fazendo uso abusivo de álcool, ainda segundo a vítima, o vereador ameaçava também os filhos dela e seus familiares e disse que as crianças presenciavam as agressões.
O casal tem uma menina de dois anos e cinco meses e o menino de um ano. A filha dela de outro relacionamento (também agredida) mora com a mãe e o padrasto. Diego também tem uma filha, de 8 anos, mas não há informação se a criança mora com o pai.
No domingo, depois de passar o dia bebendo na casa de familiares em Dourados, Diego teria derrubado o filho do casal, de 1 ano. A enteada pegou o menino para que ele parasse de chorar e o vereador a teria agredido com o chinelo, para obrigá-la a soltar a criança. Ao sair em defesa da filha, a mulher também foi espancada.
Sem habeas corpus – Ontem, durante audiência de custódia, o juiz de primeiro grau decretou a prisão preventiva de Diego Carcará. Através do advogado Antônio Carlos Jorge Leite, o vereador entrou com pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça, mas a liberdade foi negada pelo juiz Waldir Marques, plantonista na Corte estadual.
No recurso, o advogado de defesa apontou que a tese de que a prisão preventiva é necessária para garantia da ordem pública e da instrução criminal não condiz com a realidade diante da condição social do acusado - “empresário renomado, vereador pelo segundo mandato consecutivo e atualmente sendo vice-presidente da nobre Casa Legislativa'.
Também alegou a defesa que o vereador é primário e “portador de bons antecedentes', além de possuir endereço fixo, não apresentar risco de fuga e ter emprego lícito.
Os argumentos, no entanto, foram rechaçados pelo juiz do Tribunal. “O contexto de prática dos crimes de lesão corporal dolosa e ameaça, no âmbito da violência doméstica, evidencia periculosidade suficiente para justificar a prisão preventiva como mecanismo de prevenção de novos riscos à vítima', afirmou Waldir Marques.
O magistrado também cita que pesam contra Diego Carcará os antecedentes criminais por agressão e ameaça, pelos quais foi condenado a quatro meses de reclusão. Waldir Marques negou a liminar e mandou encaminhar o habeas corpus para ser colocado na pauta das câmaras criminais.
Vai para o presídio – Aos 33 anos de idade, Diego é corretor de imóveis, tem uma imobiliária na cidade e exerce o segundo mandato de vereador.
Desde a noite de domingo ele está recolhido em uma cela da 1ª Delegacia de Polícia Civil, mas deve ser levado em breve para um presídio. A reportagem apurou que a polícia já pediu vaga para ele na PED (Penitenciária Estadual de Dourados)