Iniciativas de empresários do setor de alimentos tentam reduzir os preços para a população de baixa renda. Isso porque, em meio à pandemia da covid-19, o valor está em alta em todo o país.
Esse aumento dos preços é um efeito colateral do prolongamento da pandemia no Brasil e impacta de forma desigual pobres e ricos.
Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que, nos últimos 12 meses, a inflação da cesta de compras da população de renda mais alta foi de 3,43%. A de renda muito baixa, de 6,75%.
A economista Gabriela Chaves, fundadora do NoFront, explica como o aumento está ocorrendo.
"Enquanto uma pessoa milionária vai gastar menos de 1%, 5% do que ela tem com alimentação, para uma pessoa mais pobre, que ganha um, dois salários mínimos, acaba comprometendo quase metade da renda só com essa necessidade de sobreviver", diz a economista.
Com isso, se vê o retorno do quadro da fome ao país, explica a economista.
"Isso porque, sem o auxílio emergencial e sem opções de trabalhar, as pessoas estão sem opção e o que a gente está vendo é o retorno da fome no Brasil”.
A crise do preço dos alimentos é um fenômeno mundial com um impacto severo nas cidades brasileiras e iniciativas criadas por empresários tentam baratear os valores.
Um exemplo, é o de uma horta feita no centro de São Paulo e perto do consumidor, sem o risco de ter que aumentar valores por causa da alta dos combustíveis.
"A gente acaba ficando quase no zero a zero, mas entende que se a gente é serviço essencial a gente tem que ter o lado social e prestar esse serviço para a comunidade", diz o empreendedor social Guilherme Maruxo.
Segundo ele, a iniciativa ajuda a "combater essa alta nos preços". "Você consegue pensar o que vai colocar e não precisa comer só um tipo de coisa: carne, laticínio. Você consegue ter essa diversidade que ajuda a enfrentar dificuldades".
As sementes da horta do empresário foram doadas pra moradores de uma ocupação, que se sentem mais fortes pra enfrentar a pandemia.
Sobre a questão, o porta-voz do Ministério da Agricultura diz que esperava uma pressão menor sobre o preço dos alimentos neste ano.
"Mas nós estamos vendo já no início deste ano uma situação muito semelhante à que nós vivemos no primeiro semestre de 2020", diz Silvio Farnese, diretor de Comercialização e Abastecimento da Secretaria de Política Agrícola do Mapa.
"O Ministério da Agricultura tem trabalhado no plano safra que nós estamos preparando agora e deve sair até o mês de maio, continua sendo o foco na agricultura familiar e no médio produtor rural através do Pronamp", afirma.
"Dentro da política do governo, tem uma área específica da agricultura familiar. Com a linha de crédito específico, com seguro específico, com taxas de juros mais facilitadas e linhas de crédito para investimento, que é exatamente pra poder dar sustentação para esses produtores que têm uma participação relevante no abastecimento nacional", acrescenta.