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Terça, 01 de julho de 2025

Perda gestacional: como lidar com esse tipo de luto?

Perder um filho é, sem dúvidas, uma das maiores dores que uma mãe pode vivenciar. E não é preciso que esse filho tenha nascido para que a mulher sofra o luto intensamente.

26 de out 2022 - 10h:04 Créditos: THAIS MONTEIRO LEITE
Crédito: ILUSTRATIVA

O que é a perda gestacional?

Em termos médicos, a perda gestacional ocorre quando o feto tem menos de 20 semanas ou é menor do que 500 gramas. Existe ainda o termo “perda gestacional tardia”, que caracteriza o falecimento do bebê após 24 semanas de gestação.

Os motivos para que esse tipo de perda aconteça são inúmeros e vão desde malformações genéticas incompatíveis com a vida até doenças sofridas pela mãe, bem como traumas físicos e psicológicos.

De acordo com o estudo publicado no American Journal of Obstetrics and Gynecology as mulheres experimentam altos níveis de estresse pós-traumático, ansiedade e depressão após a perda precoce da gravidez. O sofrimento diminui com o tempo, mas permanece em níveis clinicamente importantes aos nove meses.

Ou seja, o  estudo evidencia que um ano depois de uma perda gestacional (gravidez ectópica ou aborto espontâneo) uma em cada seis mulheres tem estresse pós-traumático. No primeiro mês depois da perda, 29% delas preenchem critérios para estresse pós-traumático, 24% apresentam ansiedade moderada a grave e 11% sofrem depressão moderada a grave.

Embora o sofrimento decline com o tempo, permanece significativo. Depois de nove meses, 18% sofrem estresse pós-traumático, 17% têm ansiedade moderada a grave e 6% têm depressão moderada a grave.

                      É fundamental a atenção à saúde mental das mulheres que passam por perda gestacional. Infelizmente muitos profissionais não estão alertas para o impacto da perda e tentam minimizá-la com palavras e expressões inadequadas. Não há nenhum conforto em dizer “era apenas um embrião/feto”, “ainda bem que foi no comecinho”, “melhor do que vir um filho com deficiência” são todos comentários que não consideram a dor da perda quando a mulher já significou como “filho” aquela gestação. Essas frases não consolam. 

  É fundamental ter empatia com a dor e respeitar o luto, dando suporte emocional e estando atento à presença de depressão, ansiedade e sintomas de estresse pós-traumático nos meses que se seguem.

Os especialistas em psicologia não costumam tentar mensurar a dor do próximo, mas existe uma opinião quase unânime entre muitos deles: o luto materno pode ser considerado uma das maiores dores do mundo. Entre as várias questões que envolvem essa ruptura está o fato de a mãe, diante da visão imposta pela sociedade, exercer o papel fundamental de cuidar e proteger o filho. Com a perda, o sentimento de fracasso nessas funções acaba por se sobressair.

 O luto é singular para cada mãe. Apesar de ser intenso, não vai ser toda mãe que vai responder da mesma forma à perda de um filho, vai depender de muitos outros fatores. Mas é certo que a superação passa, e muito, pelo reconhecimento da dor. O primeiro passo para superar é reconhecer que, de fato, a saudade vai ser grande e que o sofrimento vai existir.

FONTE: Journal of Obstetrics and Gynecology

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