O dólar cai nesta quinta-feira (27), contrariando, junto com algumas moedas de países emergentes, uma aversão internacional a riscos por parte dos investidores após uma sinalização mais dura de alta de juros pelo Federal Reserve.
Por volta das 9h06, a moeda norte-americana recuava 0,35%, a R$ 5,4197. O contrato de dólar futuro de primeiro vencimento negociado na B3 caía 0,25%, a R$ 5,4255.
Na quarta-feira (26), o dólar teve leve alta de 0,06%, cotado a R$ 5,438. Já o Ibovespa fechou em alta de 0,98%, aos 111.289,18 pontos.
O foco dos investidores foi a reunião de política monetária do banco central dos Estados Unidos divulgada na quarta-feira.
O documento não trouxe grandes novidades para os investidores, com o Fed mantendo os juros no intervalo entre 0% e 0,25%, mas afirmando que espera ter as condições necessárias para elevar as taxas “em breve'. A expectativa é de alta na reunião de março.
A perspectiva de elevação dos juros aumenta a atratividade da renda fixa sobre as ações nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, pode fazer com que investidores busquem mercados mais resilientes e baratos, como o europeu e os emergentes, e migrem para ativos em alta, como as commodities.
Qualquer alta de juros no país afeta os investimentos no Brasil, já que torna os títulos do Tesouro norte-americana ainda mais atrativos para os investidores.
Ao longo da semana anterior, o mercado refletiu um processo de migração por parte dos investidores para áreas ligadas a commodities e para os mercados emergentes, o que favorece o Brasil e o real. Esse cenário se manteve nesta semana, com ações da bolsa como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4) sendo beneficiadas pelas altas do minério de ferro e do petróleo.
Expectativas de mais medidas pró-crescimento na China, enquanto pressões econômicas baixistas persistem, estão aumentando as esperanças de uma recuperação na demanda por metais, disseram analistas.
No caso do petróleo, analistas do Goldman Sachs afirmam que os preços do petróleo Brent devem superar os US$ 100 por barril neste ano. Segundo eles, o mercado de petróleo continua em um “déficit surpreendentemente grande' já que o efeito da variante Ômicron do coronavírus na demanda pela commodity é, até agora, menor do que o que era esperado. Além disso, as tensões na Ucrânia afetam os preços.
Na cena local, o aumento do risco fiscal continua no radar dos investidores. O texto do orçamento de 2022, sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), cortou os investimentos ao menor nível da história, para R$ 42,3 bilhões, mas manteve intactas as verbas para o orçamento secreto, para o fundo eleitoral e para reajustes salariais.
Junto com a PEC dos Combustíveis, um analista de mercado define que a percepção é que o governo está partindo para o tudo ou nada, e deve caminhar para medidas mais populistas para elevar sua popularidade até as eleições.
Segundo projeção da equipe de análise da XP, a PEC pode diminuir a arrecadação entre R$ 70 bilhões e R$ 100 bilhões.
Nesta sessão, o Banco Central fará leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem do vencimento de 1° de abril de 2022.
Com informações da Reuters