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Domingo, 22 de dezembro de 2024

Trabalho de combate à dengue é interrompido por pandemia

Agentes de endemias são orientados a não entrar em casas onde vivem idosos

27 de mar 2020 - 11h:00 Créditos: Correio do Estado
Crédito: Divulgação

Os inúmeros casos de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, têm alterado não só a rotina das pessoas, mas também a forma de trabalho no combate a outras doenças, como a dengue. A orientação do governo do Estado é para que os agentes de endemias não entrem em casas onde residem idosos.

De acordo com o coordenador estadual de Controle de Vetores da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Mauro Lúcio Rosário, diretriz publicada recentemente com medidas para todas as autarquias da pasta determina que os servidores perguntem antes de entrar nas residências se no local mora algum idoso.

“Se tiver idoso, a determinação é não entrar; melhor ficar sem vistoriar a casa do que poder transmitir essa doença para o grupo de risco. E mesmo nas casas onde o agente entra, primeiro o morador abre o portão, se afasta e só então eles podem entrar”, explicou Rosário.

Apesar da paralisação de muitos serviços da administração estadual para evitar aglomerações, a visita dos agentes de endemias continuou por conta da epidemia de dengue pela qual o Estado passa. As orientações foram dadas para servidores das 79 cidades de Mato Grosso do Sul.

“Não podemos parar, mas passamos orientações para nossos funcionários, para que não haja contato com as pessoas. Antes, por exemplo, eles se dirigiam até a central para sair de lá até as casas que devem visitar, mas agora a determinação é que esses agentes saiam de casa direto para as visitas”, continuou.

Outro problema que o setor tem enfrentado é a recusa das pessoas em relação à vistoria dos agentes. Segundo o coordenador, muitos moradores têm impedido que a visita seja feita por medo do contágio do novo coronavírus. “Eles não aceitam que entrem na casa. A gente entende, é realmente preocupante a situação da pandemia, mas não podemos esquecer que dengue também mata”.

As vistorias, quando ocorrem, são feitas apenas nas áreas externas das residências, com um agente por casa. Também estão sendo vistoriados as áreas externas de supermercados, de prédios públicos e terrenos baldios.

CASOS

Só nesta epidemia, de acordo com dados do boletim epidemiológico da SES, divulgado na quarta-feira (25), foram notificados 36.655 casos de dengue em Mato Grosso do Sul. Já são 19 mortes pela doença em todo o Estado, sendo a maioria (quatro) em Campo Grande.

A última morte foi registrada em Corumbá – a 417 km da Capital. A cidade já contabiliza três óbitos, dos quais o mais recente foi de um homem de 42 anos, que já tinha hipertensão.

Apesar das dificuldades nas vistorias presenciais, o coordenador pede que a população fique atenta ao próprio quintal, já que muitos estão em casa, por conta das medidas de isolamento social impostas por governo do Estado e prefeituras.  

“O próprio morador pode fazer essa vistoria, ele é o melhor agente de endemias. Aproveitem que estão em casa sem poder sair e olhem seu quintal. Se todos fizerem a sua parte, nós vamos conseguir passar por essas duas doenças”, pediu Rosário.

Além das vistorias, o trabalho de fumacê, que despeja veneno contra o mosquito vetor da dengue, o Aedes aegypti tem sido feito, preferencialmente nas cidades com alto grau de incidência da doença, como Campo Grande, que concentra 6.671 notificações de dengue, e Corumbá, com quase metade dos casos, 3.296.

PREOCUPAÇÃO

Em uma semana, os casos notificados da doença aumentaram 11%. No total, a SES já fez 36,6 mil notificações. Dos 79 municípios, 75 estão com alta incidência. Anaurilândia é a cidade com maior incidência; no total, são 453 casos e índice de 5172,4. Campo Grande está na lista de municípios com alto número de notificações. Foram notificados até agora 6,6 mil casos, o que representa incidência de 801,5 casos para cada 100 mil habitantes. Apenas quatro municípios registraram média incidência de casos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma doença é considerada epidêmica quando registra 300 casos para cada 100 mil habitantes.

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