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Quinta, 18 de abril de 2024

Guerra na Ucrânia deve terminar até o fim do ano, diz Zelensky ao G7

Líder ucraniano alerta que 'este não é o momento para negociar' e pede mais sanções contra Moscou; grupo promete ajudar Kiev 'pelo tempo que for necessário'

27 de jun 2022 - 09h:41 Créditos: Agência O Globo
Crédito: Reprodução/CNN Brasil

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fez um apelo nesta segunda-feira para que os líderes do Grupo dos Sete (G7), que reúne as sete economias mais industrializadas do planeta, "façam o máximo" para pôr um fim na invasão russa até o fim do ano, afirmando que "este não é o momento para negociações". O grupo, que se reúne na Alemanha, prometeu a ajudar Kiev “financeira, humanitária, militar e diplomaticamente” pelo “tempo que for necessário”.

Os países, até agora, já disseram que irão impor novas sanções para restringir as importações russas de tecnologia bélica, reafirmando em uma nota conjunta seu “comprometimento irrevogável com o governo e povo da Ucrânia”. As sete nações disseram ainda que irão expandir as medidas para russos responsáveis por crimes de guerra e que pioram “a insegurança alimentar global” ao “roubar e exportar grãos ucranianos”.

Os comentários vieram após Zelensky participar da reunião no castelo Elmau, na Baviera, no Sul alemão, por videoconferência diretamente de Kiev. Segundo fontes, ele "apresentou uma mensagem muito forte e disse que é necessário fazer o máximo para tentar acabar com esta guerra antes do fim do ano".

O governo ucraniano crê que o plano do Kremlin é postergar o conflito até o inverno boreal, que é bastante rigoroso na Ucrânia — o que Moscou crê poder facilitar novos ganhos territoriais. Segundo fontes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ouvidas pelo Financial Times, acredita-se que Moscou deve frear sua ofensiva em algum momento nos próximos meses para reagrupar e repensar sua estratégia, voltando com força máxima no fim do ano.

O plano russo seria similar ao visto no fim de março, quando após acumular fracassos em seus planos iniciais de tomar grandes cidades, como Kharkiv e a própria capital, Kiev, fez uma correção de curso. Os esforços foram concentrados em Donbass, no Leste, composta pelas regiões de Donetsk e Luhansk. No fim da semana passada, caiu Severodonetsk, a penúltima cidade controlada pelos russos em Luhansk.

Segundo as fontes com conhecimento sobre os pontos discutidos nesta segunda, Zelensky disse para os líderes do G7 que o inverno boreal significará que “entraremos em uma situação em que as posições ficarão congeladas”. É necessário, disse Zelensky, que as sanções sejam “intensificadas e a pressão seja mantida”.

Em uma nota, o governo francês disse que o pedido do presidente ucraniano foi direto em seu pronunciamento, afirmando que “agora não é o momento para negociações, que a Ucrânia negociará quando estiver em posição de fazê-lo”.

"Entretanto, é necessário pôr fim a guerra o mais rápido possível", disse o Eliseu, destacando como prazo o inverno no Hemisfério Norte e afirmando que Zelensky insistiu na "necessidade de um apoio pleno, completo e muito operativo" para "restaurar a integridade territorial" ucraniana.

Já o chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que o grupo seguirá “aumentando a pressão” sobre o líder russo, Vladimir Putin:

“Como G7, estamos unidos ao lado da Ucrânia e continuaremos apoiando-a. Para isso, precisaremos tomar decisões difíceis, mas necessárias”, tuitou o social-democrata, anfitrião da cúpula. “Seguiremos aumentando a pressão sobre Putin. Essa guerra deve terminar.”

Pelo Telegram, Zelensky agradeceu pela "ajuda relativa na defesa e nas finanças", afirmando que Kiev "sente o apoio". Fez, contudo, um apoio para que os líderes sejam mais ambiciosos:

“Para nós, é importante que os países do G7 adotem uma posição coerente no que diz respeito às sanções. Elas devem ser mais reforçadas, limitando o preço do petróleo exportado pelo agressor”, escreveu.

Ele refere-se ao debate sobre a imposição de um limite ao preço do petróleo russo, buscando minar a capacidade do Kremlin de financiar o conflito. Logo após o início da invasão, em 24 de fevereiro, países como os Estados Unidos, o Reino Unido e a Austrália anunciaram boicotes ao petróleo russo. O impacto dos cortes e sanções, contudo, não tem sido tão significativo até o momento.

China e Índia, os países mais populosos do mundo, investiram para comprar aproximadamente o mesmo volume de petróleo russo que teria ido para o Ocidente. Como o preço do produto disparou, Moscou recebe mais do que em janeiro, um mês antes do conflito eclodir.

De acordo com fontes, o mecanismo debatido no G7 só permitiria o transporte de petróleo e derivados russos vendidos abaixo de um limite acordado. Embora esse acordo possa ser fechado pelos países — incluindo as nações convidadas, grupo que inclui a Índia —, ainda não está claro se os líderes serão capazes de definir detalhes específicos, como o nível do teto de preço, antes do final da cúpula.

Formado por EUA, Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália e Japão, o G7 foi criado durante a Guerra Fria pelas maiores economias do mundo capitalista. Hoje, é um grupo de coordenação entre países aliados dos EUA, do qual participa também uma representação da União Europeia (UE).

Outra demanda perene de Zelensky é por mais armas, após Kiev esgotar seu arsenal e depender dos aliados para mais apoio militar. Dias após enviar os poderosos sistemas de foguetes Himars prometidos no início do mês, Biden deve anunciar nesta semana que Washington vai comprar e doar para Kiev os chamados Sistemas Nacionais de Mísseis Aéreos Avançados (Nasams, na sigla inglês), sistemas de defesa aérea de médio a longo alcance.

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