A quebra na safra de milho do Brasil tem levado a indústria de carnes a recorrer ao cereal importado da Argentina para suprir sua demanda pelo insumo para ração e com isso a JBS, segunda maior empresa de alimentos no mundo, já adquiriu 30 navios do cereal no país vizinho, disse a companhia à Reuters.
As sacas de 60 kg foram negociadas com valores de R$ 15 a R$ 20 mais em conta que os do mercado interno, considerando as indústrias localizadas nas regiões Sul e Sudeste.
"Do total de milho utilizado para alimentação de aves e suínos na produção da JBS/Seara no Brasil, a importação já representa 25% do consumo, com volumes superiores a um milhão de toneladas", afirmou em nota, sem detalhar as datas de chegada e os volumes exatos do cereal importado.
Além disso, a empresa disse que "a excelente safra na Argentina" é o que tem dado oportunidade para importação com preços mais atrativos.
O plantio atrasado e em grande parte fora da janela ideal para a segunda safra de milho 2020/21 afetou o desenvolvimento das lavouras nos principais estados produtores do Brasil, que ainda atravessaram uma seca e mais recentemente, geadas.
Neste cenário, a JBS ressaltou que parte das adversidades também está sendo compensada "fortemente" pela redução das exportações do cereal.
Atualmente, o Brasil vê uma onda de renegociações de contratos de exportação, com empresas direcionando o milho ao mercado interno, diante da valorização do produto, necessário para a indústria de carnes.
Para a JBS, o país deixará de embarcar 15 milhões de toneladas do cereal neste ano e deverá importar pelo menos 4 milhões.
"Com a boa oferta de milho da Argentina a preços mais competitivos, acreditamos que é questão de tempo para que o mercado doméstico equalize os seus preços com o mercado de importação", disse a empresa.
"Continuaremos buscando as melhores alternativas de mercado para assegurar a competitividade da companhia", acrescentou no comunicado o diretor de commodities da Seara, Arene Trevisan.