O deputado Barbosinha (DEM-MS) voltou a levantar a questão da falta de água nas aldeias indígenas de Dourados. Durante pronunciamento, na sessão desta terça-feira (26), o parlamentar disse que está ‘debruçado’ no relatório de investimentos no saneamento básico indígena, recebido da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), que mostra os recursos aplicados nos últimos 15 anos, neste segmento, na reserva indígena no município.
A comunidade que atualmente abriga cerca de 17 mil indígenas, vivendo na reserva mais populosa do País, está totalmente integrada a Dourados, mas mesmo assim, a proximidade com a cidade não garante que a água chegue às torneiras e caixas d'água dos indígenas.
“Infelizmente para comunidade indígena prepondera a falta de saneamento, a falta de habitação e sobretudo a coisa que é extremamente essencial à vida: a falta de água. Eu quero saber quanto que a Sesai gasta com as comunidades indígenas. Não é pouco não, é muito dinheiro, e na verdade falta produção de água, falta reservação. Enquanto ao lado, a água chega para os condomínios luxuosos 24 horas por dia, tem hoje regiões indígenas da aldeia que a água só chega depois das 4 horas da manhã e em pequena quantidade que sequer consegue encher uma caixa de água e suprir a demanda das pessoas que moram ali”, explicou Barbosinha.
O parlamentar lembrou que no ano de 1999 a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) assumiu a gestão do subsistema da saúde indígena no Brasil e criou 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), fazendo com que a gestão da saúde indígena passasse às mãos de uma secretaria específica, diretamente vinculada ao Ministério da Saúde. Atendendo aos anseios e clamor dos indígenas a Presidência da República, em 2010, instituiu a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) para coordenar e executar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas e todo o processo de gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) no Sistema Único de Saúde (SUS).
“Com essa medida se imaginava que essas condições poderiam melhorar. Na verdade, essa condição secular de falta de água permanece e se arrasta até hoje. A Sesai, impotente, assiste a esse filme, enquanto nós estamos vendo aqui com muita tristeza nossos indígenas vivendo ao lado das comunidades urbanas que recebem água durante 24 horas e eles convivem diariamente com a falta de água. A Sesai é um fiasco. Uma vergonha essa instituição que recebe recurso para cuidar dos índios e não tem cuidado. Infelizmente os índios estão padecendo das coisas mais básicas, mas fundamentais. Quando falta água, falta tudo”, enfatizou Barbosinha.
“É uma tristeza, deprimente. Não tem como não ficar chocado ao ver aquela situação de indígenas indo em açude, coletar água junto com dejetos de animais para poder alimentar suas crianças”, fez questão de relatar o deputado que conferiu, inloco, a situação atual vivenciada pelos indígenas de Dourados.
O parlamentar douradense ainda explicou que a aldeia urbana de Dourados possui cerca de 3500 hectares que fazem divisa com o anel viário, conecta Dourados a Itaporã na rodovia MS-156 e está situada ao lado da plantação de soja, de milho, da cana-de-açúcar e de condomínios de alto luxo.