
Conhecido na redes sociais, o vereador e ex-policial do Rio de Janeiro Gabriel Monteiro (sem partido) está sendo acusado de de assédio sexual e moral por servidores e ex-funcionários. A denúncia foi feita pela TV Globo neste domingo.
"Ele me abraçava assim por trás, 'te amo' e não sei o que, 'você é minha amiga'. Beijava o meu rosto, saía de pênis ereto e ia mostrar para o segurança", declarou Luiza, que trabalhava para as redes sociais do vereador.
De acordo com ela, o vereador foi avisado sobre o incômodo com algumas situações, mas ele continuava. "Uma vez, foi no carro que ele começou pedindo para fazer massagem no meu pé. Eu tentava tirar e ele segurava. Aí foi começando a passar a mão nas minhas pernas. Foi para o banco de trás e começou a me agarrar, me morder, me lamber”, disse.
Luiza revelou que após sete meses de trabalho para Monteiro, ela acabou procurando um psiquiatra porque não aguentava mais.
"Eu queria tirar minha própria vida, porque eu me sentia culpada. Será que estou usando alguma roupa que está causando isso? Será que a culpa é minha de alguma forma? Aí eu começava a pedir a deus para me levar”, afirmou.
Outra mulher, que não quis revelar sua identidade, declarou que consentiu com o início das relações sexuais, mas que o ato evoluiu para um estupro porque ela pediu para que ele parasse.
“Teve um momento que ele usou força. Me segurou e foi com tudo. Me deixou sem saída. Eu pedi para ele parar, mas não respeitou. Me senti super abusada. Ele me machucou, agiu com agressão e força física”, disse ao Fantástico.
Um funcionário, que também não quis se identificar, contou que era obrigado a cumprir expediente na casa de Gabriel, onde presenciou cenas constrangedoras.
"A gente ficava ali na frente e várias vezes ele foi na parte da frente da varanda da casa, e em outros cômodos a gente já viu também, com o órgão sexual para fora. Se vangloriando do tamanho do pênis e se masturbando na frente de toda a equipe”, revelou.
Questionado pela reportagem, o vereador negou as acusações, perguntou o nome das vítimas e disse que nunca cometeu estupro.

Irregularidades
A reportagem também mostrou que nos vídeos de seu canal no YouTube, Gabriel Monteiro encenava e "dirigia" o que era filmado. Com ajuda de policiais militares, simulou ações de tiroteio e chamou a polícia, orientando o que seria relatado aos oficiais que chegassem.
Em outro vídeo que a reportagem teve acesso ao material bruto, Gabriel é visto orientando uma criança a dizer que está sem comida. Na versão editada, publicada em suas redes sociais, ele leva a menina ao shopping e ouve que "está comendo o que mais gosta".
"A conclusão a que se chega é que esses elementos presentes no vídeo bruto são incompatíveis com a situação de ameaça ou emboscada real. O que se percebe é que há tiros nos dois vídeos, só que esses tiros são distantes dele", diz Valéria Leal, perita judicial e diretora da ForensePro.
Uma pesquisadora que estuda o aumento no número de ex-policiais que se elegeram parlamentares nas últimas eleições vê conflito de interesses em um servidor público se promover nas redes sociais.
"Com a pouca regulamentação no país, essa mistura é muito nociva, porque a gente começa a ver situações em que não há nenhum controle policial, criando e forjando ocorrências, forçando a barra com determinados públicos, criando e fortalecendo essa ideia do policial guerreiro e salvador para ganhar cliques" analisa Carolina Ricardo, diretora-executiva da ONG Sou da Paz.