Menu
Quinta, 21 de novembro de 2024

Polícia mira esquema de adulteração em máquinas de bichinhos de pelúcia que dificulta liberação de brindes

“Golpe da garra fraca”, de acordo com os agentes, apenas após um determinada quantidade de usos, o gancho ganhava força para retirar o bichinho.

28 de ago 2024 - 10h:39 Créditos: G1
Crédito: Divulgação

A Polícia Civil do Rio de Janeiro iniciou nesta quarta-feira (28) a 2ª fase da Operação Mãos Leves, contra quadrilhas que exploram máquinas de bichinhos de pelúcia. Desta vez, a Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) mira um esquema de adulteração dos aparelhos para dificultar a liberação dos brindes — e descobriu o “golpe da garra fraca”.

Agentes saíram para cumprir 19 mandados de busca e apreensão. Um dos endereços foi um galpão em Inhaúma, na Zona Norte do Rio de Janeiro, sede da Black Entertainment. No local havia dezenas de máquinas e centenas de brinquedos que peritos identificaram serem pirateados.

Como funcionava a fraude

A delegacia especializada descobriu que o grupo instala em cada equipamento um contador de jogadas que interfere na corrente elétrica que alimenta a grua para fisgar as pelúcias — que o cliente acredita controlar.

Segundo as investigações, somente após um determinado número de créditos o grampo libera a potência necessária para a garra pegar um brinquedo.

Na maioria das tentativas, portanto, a pessoa vai perder dinheiro, porque a máquina não terá a força suficiente para capturar um bichinho — fora a dificuldade natural de acertar a jogada.

No galpão da Black, a polícia encontrou baias identificadas com nomes de shoppings, como o Via Parque e o West. As máquinas adulteradas eram colocadas nessas divisórias e encaminhadas para esses endereços.

Segundo o delegado Pedro Brasil, todos os aparelhos encontrados na Black estavam com o contador de jogadas.

Pelúcias falsificadas

As investigações tiveram início após informações de que as empresas Black Entertainment e London Adventure utilizavam bonecos falsificados de personagens de marcas registradas em máquinas localizadas em diversos shoppings centers do Grande Rio.

Tal notícia permitiu o início da 1ª fase da Operação Mãos Leves, em maio, onde máquinas e grande quantidade de pelúcias foram apreendidas.

No transcorrer do inquérito, após exames realizados por peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), ficou demonstrado que o sistema era adulterado.

“Dessa forma, torna-se evidente que se trata de um processo fraudulento para enganar os consumidores, que acreditam que a obtenção do ganho depende da sua habilidade ao operar a grua, mas, segundo a perícia, depende exclusiva ou principalmente da sorte”, afirmou a polícia.

Foi apurado também que um dos alvos já foi investigado pela prática de jogo de azar vinculado a máquinas caça-níqueis, o que levantou a suspeita da participação do Jogo do Bicho na atividade.

Nesta quarta, além das máquinas e das pelúcias, foram apreendidos celulares, computadores, notebooks, tablets e documentos, que serão examinados para que a Polícia Civil tente desvendar a estrutura do grupo criminoso. O objetivo é também identificar a participação de outros integrantes e de organizações criminosas envolvidas.

Os investigados podem responder por crimes contra a economia popular, contra o consumidor, contra a propriedade imaterial e associação criminosa, além da contravenção de jogo de azar.

As investigações também prosseguirão para apurar eventual prática de lavagem de dinheiro.

Máquinas de pelúcia apreendidas — Foto: Reprodução/TV Globo
Máquinas de pelúcia apreendidas — Foto: Reprodução/TV Globo


Polícia diz que máquinas de bichinhos de pelúcia eram modificadas para evitar que clientes ganhassem — Foto: Diogenes Melquiades/TV Globo
Polícia diz que máquinas de bichinhos de pelúcia eram modificadas para evitar que clientes ganhassem — Foto: Diogenes Melquiades/TV Globo


Deixe um comentário


Leia Também

Veja mais Notícias