A CAND foi criada em 28 de Outubro de 1943 sob a lei nº 5.941 do governo federal que demarcava um total de 300.000 ha de terras situadas dentro do território federal de Ponta Porã no município de Dourados. Nesse processo, a CAND teve suas terras demarcadas em duas etapas, a área total estipulada pelo governo Vargas para esse projeto de colonização foi de 300.000 ha, mas a área total demarcada foi de 267.000 ha, sendo 68.000, na primeira etapa e 199.000, na segunda.
A Primeira etapa foi demarcada em 1944 com 2.332 lotes rurais (68.000 ha) e 6.876 lotes urbanos (8.798 m²); já a demarcação da Segunda etapa ocorreu em 1950 com 6.500 lotes rurais (199.000 ha) e 6.832 lotes urbanos. Atuando em parceria com os governos federal e estadual, o projeto colonizador previa a doação, para o colono, de lote, casa, ferramentas, animais domésticos, assistência médica, entre outros. Também era comum oferecer trabalhos na própria Colônia e nas empreitadas das obras do Estado, como abertura de estradas.
A Colônia Nacional de Dourados (dentre as colônias criadas pelo Governo Getúlio Vargas) foi a que mais se desenvolveu e se destacou. Em 1954 a Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND) passou a se chamar Núcleo Colonial de Dourados com a criação do Instituto Nacional de Imigração e Colonização (INIC), ja nos anos 60 sofreu um crescente aumento populacional, graças à migração e imigração que ocorreu na região proveniente do Rio Grande do Sul, mas já contava com uma população de migrantes: nordestinos, paulistas, catarinenses e paranaenses e imigrantes japoneses e paraguaios.
No período da CAND eram produzidos feijão, arroz, milho, mandioca, amendoim e algodão, cultivados para o próprio consumo, exceto o amendoim e o algodão, cultivados para o comércio local. Para a comercialização do excedente, enfrentavam dificuldades de escoamento, em virtude das péssimas condições das vias de circulação.
Atualmente, a área da antiga CAND faz parte da região denominada Grande Dourados. A implantação da CAND foi de suma importância para o desenvolvimento da região e para integração com as demais regiões do país, principalmente com a região Sudeste. Os colonos remanescentes da CAND, que ainda vivem na região são pequenos produtores que de alguma forma resistem ao avanço do capital agrário ou que se inseriram na nova estrutura produtiva. Aqueles que venderam suas terras vivem nas cidades da região, praticando uma economia informal ou trabalhando como diaristas em fazendas, competindo muitas vezes com o progresso técnico que o desapropria de sua única fonte de riqueza, a força de trabalho.
O Museu da Colônia Agrícola Nacional de Dourados
O museu da Colônia Agrícola Nacional de Dourados está localizado na BR 276 entre os distritos de Vila São Pedro e Indápolis, no município de Dourados. O museu tem uma área total de 450 m2.
Fruto de uma emenda parlamentar, a construção do museu foi executada pela Prefeitura de Dourados e custou R$ 290 mil, dos quais R$ 278,4 mil o município recebeu através de convênio com o Ministério do Turismo. Além da construção do museu, a verba obtida pelo Ministério do Turismo possibilitou a revitalização do Cruzeiro, construído em Indápolis em 1944 que é símbolo da colonização, e que foi Tombado como patrimônio sob a lei nº 1443 de 21/10/1987 e restaurado em 1993 por estar bastante deteriorado pelo tempo.
Inaugurado no dia 29 de novembro de 2016, o museu é gerido pela Secretaria de Cultura e conta com um grande acervo como mapas, cartas, ferro de passar a carvão, serrote, rádio, ferramentas usadas na lavoura e na construção de casas da época e conta também com um livro ata da primeira reunião da CAND em 1947 toda escrita à mão.
REFERÊNCIAS:
ARAUJO, S. G.; LARA, C. B. Q. Museu da Colônia Agrícola Nacional de Dourados: patrimônio cultural, história e turismo. In: Congresso Ibero-americano de Arqueologia, Etnologia e Etno-história, 4.,2017, Dourados. Dourados: CIAEE, 2017. p.258-261.
GRESSLER, L. A.; SWENSSON, L. J. Aspectos históricos do povoamento e da colonização do Estado de Mato Grosso do Sul: destaque ao município de Dourados.