Crédito: Assessoria Dep. Lia Nogueira O grupo Brô MC’s, referência nacional e internacional no rap indígena, recebeu a Comenda Tom do Pantanal Arara Azul durante a Sessão Solene do Dia do Músico na Assembleia Legislativa. A homenagem, concedida por indicação da deputada estadual Lia Nogueira (PSDB), reconheceu a trajetória pioneira dos artistas que transformaram a música em instrumento de identidade, resistência e afirmação cultural.
Formado por Bruno Veron, Clemerson Batista, Kelvin Mbaretê e Charles Peixoto, o Brô MC’s surgiu em 2009 nas aldeias Jaguapiru e Bororó, em Dourados. Suas composições misturam rap, língua indígena e denúncia social, abordando temas como luta por território, preconceito e desafios vividos por comunidades indígenas no país. O grupo ganhou visibilidade nacional em 2010 com o videoclipe Eju Orendive, marcado pelo lema “Aldeia unida, mostra a cara”, e desde então circulou por festivais no Brasil e no exterior, além de participar do Rock in Rio em 2022.
A entrega da comenda teve significado especial por ser o primeiro reconhecimento oficial recebido pelo grupo em seu próprio Estado. Durante a cerimônia, os artistas indígenas Guarani e Kaiowá apresentaram Jarahá, parceria com o DJ Alok, reforçando a história do Brô MC’s ao longo de 16 anos.
Para Clemerson Batista, o momento simboliza um retorno às raízes. “A gente está muito feliz por esse reconhecimento. Foram anos levando nossa cultura e nossa língua para o Brasil e para outros países, e receber essa honra aqui mostra que o nosso trabalho tem valor”, comemorou.
A homenagem também reforçou o compromisso do grupo com as novas gerações. Para Charles Peixoto, a música ajuda a manter vivas as raízes e a aproximar diferentes públicos. “Queremos que os jovens reconheçam sua história e que mais pessoas tenham acesso à nossa cultura e ao que produzimos nas aldeias. Estamos sempre de portas abertas para esse diálogo”, destacou, ao defender que os caminhos entre aldeia e cidade se tornem cada vez mais acessíveis.
Para o grupo, a mensagem alcança crianças e jovens indígenas que sonham com a arte. Para Kelvin Mbaretê a comenda reafirma pertencimento e identidade. “Eles também podem chegar longe sem abandonar quem são. Nossa tradição, nossa língua e nossa ancestralidade fazem parte de nós.” Kelvin destacou ainda o impacto coletivo do reconhecimento. “É como ter o coração do nosso povo respeitado. Mesmo com tanta dor vivida ao longo da história, a nossa cultura continua viva e resistente”, afirmou.
A deputada Lia Nogueira enalteceu a importância da homenagem e da representatividade do Brô MC’s para Mato Grosso do Sul. “É um privilégio ver o Estado reconhecer um grupo que leva sua língua, sua arte e sua história para o mundo. Eles inspiram jovens, fortalecem identidades e ampliam a presença da cultura indígena onde muitas vezes ela não chega.”
Com a entrega da Comenda Tom do Pantanal Arara Azul, o Brô MC’s passa a integrar o conjunto de artistas oficialmente reconhecidos pela Assembleia Legislativa, reforçando o papel da arte indígena como parte essencial da cultura sul-mato-grossense.
