
A revelação de que a maioria dos brasileiros concorda que o comportamento da mulher pode motivar o estupro comprova que a cultura machista está impregnada nos homens e nas mulheres da sociedade brasileira, segundo a socióloga Nina Madsen, integrante do Colegiado de Gestão do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea). A pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que 58,5% dos entrevistados concordaram totalmente ou parcialmente com a frase "Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros".
Os pesquisadores também avaliaram a seguinte frase: "Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". O levantamento mostrou que 42,7% concordaram totalmente com a afirmação e 22,4% parcialmente; 24% discordaram totalmente e 8,4% parcialmente. Das 3.810 pessoas entrevistadas, 66,5% eram mulheres.
“Nossa sociedade é violenta contra as populações marginalizadas e as mulheres compõem essa população. A culpa da violência sexual nunca é das mulheres. Temos que educar os meninos a não estuprar. Hoje eles aprendem que uma menina que se veste de uma determinada forma está provocando e que eles têm uma pretensa autorização para fazer uso daquele corpo que está sendo exposto. Temos que interferir nesse processo”, disse Nina.
Para a socióloga, os parâmetros educacionais e culturais precisam ser modificados. “É preciso atuar com muita força e continuidade na mudança cultural e a educação formal tem que incorporar os conteúdos que dizem respeito aos direitos das mulheres e à igualdade de gênero”, acrescentou.
Nina ressalta que o novo Plano Nacional de Educação (PNE), que está tramitando no Congresso, prevê uma educação voltada para a promoção da igualdade de gênero. No entanto, diz a socióloga, esse princípio está sendo questionado por grupos conservadores, sobretudo pela bancada evangélica, que querem retirá-lo do texto.
“Os grupos conservadores estão numa campanha ferrenha para que isso seja eliminado do texto do plano. Eles estão combatendo o que chamam de uma ideologia de gênero. Isso é um retrocesso gravíssimo. Se o governo permitir que isso aconteça estará sendo conivente com essa cultura do estupro revelada nesses dados que o Ipea apresentou”, disse Nina.
Outra pesquisa do Ipea revela que a maioria das vítimas de estupro é mulher, sendo 70% crianças e adolescentes. “A escola é espaço estratégico porque tem centralidade na vida dos jovens. É um espaço de proteção e que aciona o Estado. Por isso, precisa ser um lugar que se estruture em torno dos princípios da igualdade de gênero, dos direitos das mulheres e das crianças e adolescentes”, destacou a integrante do Cfemea.
A mulher em pleno século 21 é julgada, perseguida, humilhada, exposta de uma forma tão suja e injusta que é quase impossível de acreditar que tudo isso está sendo feito atualmente, podemos fizer que estejam jogando as “Bruxas na fogueira” novamente. Homens com ego ferido, atacam cada vez mais mulheres sem motivos ou pelo simples fato de as verelas tendo sucesso, isso é monstruoso.
FONTE: AGÊNCIA BRASIL