A cacique da Aldeia Apido Paru, da terra indígena Tadarimana, em Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá, Majur Traytowu, de 30 anos, começou o procedimento de transição de gênero e relata que o momento é de muita alegria.
"Estou muito feliz mesmo vendo o resultado, não somente eu, mas tem outras pessoas que estão curiosas de como será a minha mudança daqui para frente", conta.
A líder indígena começou o tratamento hormonal, de forma particular, em 26 de outubro. No entanto, releva que a intenção é ir com calma.
"Estou fazendo o processo de transição, mas, por parte. Primeiro quero mudar o meu corpo com hormônios e o procedimento já comecei. Futuramente vou para parte de cirurgia", narra.
A indígena afirma que se descobriu transexual aos 12 anos e que os demais indígenas nunca tiveram problemas em aceitar isso. Aos 27, quando a família fundou a aldeia, passou a ajudar o pai a tomar as decisões.
Em geral, caciques são escolhidos por votação a cada dois anos, mas Traytowu afirma que não houve resistência dos demais ao virar cacique, mesmo sem eleição. A Tadarimana tem cerca de 800 indígenas em sete aldeias, em uma área de 10 mil hectares.
A jovem indígena ficou conhecida nacionalmente ao assumir o cargo de cacique, após o seu pai, Raimundo Itogoga, 79 anos, deixar a função por problemas de saúde.
"O meu pai teve queda de pressão e precisamos levar ele ao hospital. Lá descobri que ele estava com pressão alta. A partir disso, comecei a tomar essa posição de cacique, de mostrar que estava ali para assumir o cargo", diz.
Traytowu exerce a função de cacique desde julho deste ano. Contudo, revela que não enfrenta dificuldades, pois acompanha o pai desde cedo em suas atividades.
"Pra mim, está sendo tranquilo. A gente já conseguiu muita coisa no decorrer do tempo que fui nomeada para assumir o cargo de cacique. Mas, antes disso, sempre estive do lado do meu pai ajudando, as coisas que aconteciam em nossa aldeia passavam por mim, para que eu pudesse aprovar".