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Quarta, 04 de dezembro de 2024

Em 2024, ninguém pesquisou tanto sobre o 'Tigrinho' quanto MS

Jogos de aposta dominaram as pesquisas no Google neste ano e reforçam a preocupação já dita por profissionais

29 de nov 2024 - 10h:20 Créditos: Cg News
Crédito: Jogo do Tigrinho foi impulsionado em 2024. (Foto: Marcos Maluf)

Nos últimos anos, os grupos de apoio a pessoas com vícios em apostas viram os participantes aumentarem; os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) também perceberam os números crescerem e foi necessário que o Departamento de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas emitisse uma nota técnica com orientações para os municípios. Se somando a isso e, exemplificando mais uma vez como o problema é crônico, Mato Grosso do Sul foi o estado que mais pesquisou sobre o “Tigrinho”, em 2024, no Brasil.

Para além do jogo de aplicativo que se tornou popular neste ano, o ranking de pesquisas emitido pelo Google Trends envolve um cenário ainda maior.

Tomando como base os termos que estiveram em ascensão, entre os 15 primeiros resultados, seis são de usuários procurando por apostas. Isso significa que, até agora, 40% dos termos mais pesquisados em Mato Grosso do Sul são envolvendo o universo das “bets”.

No caso do Tigrinho, há duas formas de pesquisa que aparecem como as principais. A primeira, citando apenas “Tigrinho”, chama atenção com MS em primeiro lugar, seguida de Mato Grosso, Pará, Paraná e Acre. Quando o termo usado é “Jogo do Tigrinho”, MS fica em terceiro com uma pequena diferença entre Paraná e Rondônia.

Dados sobre pesquisas feitas no Google indicam MS no "topo" quando assunto é o Tigrinho. (Arte: Lennon Almeida/Google Trends)

Há quem possa pensar que as pesquisas não refletem muita coisa, mas as próprias notícias publicadas por aqui mostram que o jogo realmente interferiu na vida da população. Exemplos são casos de polícia em que até mesmo uma mulher foi morta a facadas durante briga causada pelo jogo.

Já falando das apostas em geral, o cenário é ainda mais complexo e também integra o jogo citado acima, de uma forma ou de outra. Para se ter ideia, este foi o primeiro ano em que as “bets” apareceram no ranking dos cinco principais termos de pesquisa em MS (considerando um levantamento entre 2020 e 2024). Antes, apenas a empresa Betano apareceu no relatório, mas como um assunto popular.

Em 2024, pesquisas por apostas se espalhou no relatório de pesquisas em ascensão. (Arte: Lennon Almeida/Google Trends)
Cenário dos anos anteriores é um comparativo para entender melhor o que mudou. (Arte: Lennon Almeida/Google Trends)

Lá atrás, em 2020, o foco era, claro, na pandemia; em 2021, o programa Big Brother Brasil e as vacinas chamaram mais atenção; depois, em 2022, as eleições, Copa do Mundo e BBB eram os destaques.

Mais próximo, no ano passado, o ChatGPT, inteligência artificial de uma forma geral e o Brasileirão se classificaram entre os primeiros. Foi aqui, em 2023, que a empresa Betano apareceu entre os assuntos mais pesquisados, liderando a lista.

Agora, em 2024, o cenário realmente mudou: o termo de pesquisa “superbet” aparece em segundo lugar e, depois, entre a 11ª e a 15ª posição, tudo é tomado pelas apostas.

Problema crônico

Indo muito além de simples brincadeiras, as apostas e jogos de sorte têm gerado um problema crônico nacionalmente. Como já publicado por aqui, a avaliação de profissionais da área de saúde tem envolvido uma preocupação.

Tanto que, desde os Caps até os grupos de ajuda, têm se intensificado no atendimento às pessoas que estão dependentes. Seja com os valores recebidos do Bolsa Família ou no emprego formal, as perdas seguem aumentando.

Então, o recado é procurar ajuda. Em Campo Grande, o grupo Jogadores Anônimos realiza encontros todas as quintas-feiras, a partir das 19h, na Rua Maracaju, 249, no Centro. Além disso, a prefeitura informou que os Caps também estão prontos para oferecer atendimento a estes pacientes. 

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